“Discursos vazios e superficiais”: Professores criticam manifestos eleitorais dos candidatos à presidência

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 05 de outubro de 2024-No episódio da quarta-feira, 02 de outubro, do CIPCast, representantes de associações de professores expressaram sua insatisfação com os manifestos eleitorais dos quatro candidatos à presidência de Moçambique.

O debate, intitulado “Um Futuro de Esperança ou Desgraça?”, trouxe à tona as falhas e a superficialidade das propostas direcionadas à classe docente, evidenciando um descontentamento crescente entre os educadores.

Preocupações ignoradas

Avatar Cuamba, representante da Associação dos Professores Unidos de Moçambique (APU), destacou que, embora algumas preocupações da classe tenham sido contempladas, “não há um candidato que, na sua completude, responda realmente ao que temos colocado como nossas preocupações”. Cuamba explicou que a APU enviou uma série de propostas aos candidatos, mas apenas uma parte delas foi abordada nos manifestos, deixando muitos educadores insatisfeitos com a falta de um comprometimento claro em relação às suas necessidades.

Falta de especificidade nos projectos

Teodoro Muidumbe, Secretário Geral da Organização Nacional dos Professores (ONP), reforçou as críticas ao destacar a ausência de especificidade nos projectos apresentados pelos candidatos. “Prometer construir escolas por todo o país não nos diz nada. Queremos saber onde e quando. Localizar no distrito, localidade X ou posto administrativo é o que queremos, porque assim é mais fácil cobrar”, enfatizou Muidumbe. Essa falta de clareza nos discursos dificulta a responsabilização dos candidatos, especialmente após as eleições.

Promessas superficiais e contraditórias

Isac Marrengula, representante da Associação Nacional dos Professores (ANAPRO), foi ainda mais incisivo, afirmando que “os manifestos são apresentados de forma superficial, com promessas que não vão cumprir”. Marrengula criticou a abordagem de alguns candidatos que, em vez de abordar as verdadeiras necessidades da educação, apresentam discursos contraditórios. Este também destacou que o único candidato a apresentar uma proposta clara sobre a situação dos professores foi Venâncio Mondlane. “E de todos os candidatos, o único que aparece a apresentar uma proposta clara para a resolução do problema dos professores, olhando para os manifestos, ou o que nós também podemos chamar de promessas eleitorais, é o Venâncio Mondlane. O próprio Daniel Chapo não fala disso, não apresenta propostas claras de como é que ele irá subir”, afirmou Marrengula.

O que ficou evidente é que o debate revelou um clima de desconfiança entre os educadores em relação aos manifestos eleitorais e às promessas feitas pelos candidatos. A falta de propostas concretas e a superficialidade dos discursos têm alimentado a frustração da classe docente, que anseia por mudanças significativas no sector educacional. Com as eleições se aproximando, a expectativa é que os candidatos possam, de fato, abordar as questões que mais preocupam os professores e a educação em Moçambique, como o pagamento dos 19 meses das horas-extras e melhoria de condições nos seus trabalhos. (Bendito Nascimento)

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