De acordo com o Presidente da República, Filipe Nyusi, este é o primeiro e maior quartel existente desta força alguma vez construído pós-independência nacional. Portanto, a infraestrutura inaugurada num evento que contou com todos os responsáveis máximos do sector castrense, leva o nome de: “Quartel da Polícia de Intervenção Rápida Eng. Filipe Jacinto Nyusi”. Já a parte social do empreendimento é denominada por: “Complexo Misto de Refeições Dra. Isaura Gonçalo Ferrão Nyusi”, em Muepane – Metuge, que por sinal possui uma fotografia ao lado.
Entretanto, segundo vários internautas a atribuição dos nomes revela um certo endeusamento da família presidencial que numa altura que faltam menos de quatro meses para deixar o poder tem inaugurado infraestruturas levando o seu nome ou refazendo algumas sem qualquer necessidade, simplesmente para deixar a sua rubrica como é o caso da polémica estátua do arquitecto da Nação, Eduardo Chivambo Mondlane.
Na página oficial do Presidente da República, um certo internauta chega a escrever o seguinte: “O senhor só pensa em si, faz exercícios de auto-homenagem, desde aeroporto, ruas, escolas, até mandar fazer estátuas e agora um quartel com nome de sua família, olha, nunca vi um homem egoísta e que goste de ser endeusado como o senhor.”
Já um outro internauta escreveu na mesma publicação, “parabéns Moçambique! Sabe, acho que temos de passar a deter pessoas que tentam nominalizar e privatizar instituições de Estado. Parece-me que as despesas saem directamente do bolso do camarada Presidente.”
“Assim usaram seu dinheiro para construir esse quartel? Sabe onde me veres por favor fuja! Isto é falta de respeito com o povo! Ugoma ni mapimo” – afirmou a internauta. “Virou moda inaugurar infraestrutura do Estado com nome de alguém. Quartel -Nyusi. Sala de Refeições – Isaura. Falta casa de banho – Florindo” – desabafou o internauta.
No entanto, um internauta escreveu o seguinte: “Não vou parabenizar antes de pagar nossa polícia, professor, enfermeiro, outros funcionários em geral, salários mínimos de 40 mil meticais mensalmente e no prazo de 25 a 1. E em cargos superiores salários que começam de 50, 60, 70 até 100 mil meticais. Moçambique tem essa capacidade (…)” – defendeu o internauta.
Contudo, a senda de críticas à nova inauguração da família presidencial vem aumentando, havendo até quem diz que tratasse de um pedido de desculpas a sua esposa por qualquer mal-entendido familiar, ou mesmo, que tal empreendimento não vem do erário público, mas dos bolsos do PR. São argumentos que estão a circular na opinião pública moçambicana, outrossim, o facto é que a infraestrutura é pública, razão pela qual não sabe se a escolha dos nomes seguiu os procedimentos regidos de atribuição de nomenclaturas a instituições do Estado – só o tempo dirá, se trata de endeusamento ou meritocracia.
De referir que segundo especialistas do sector castrense, uma base militar ou quartel é uma instalação vocacionada para responder às necessidades das Forças Armadas, sendo normalmente operada e mantida pelas mesmas, o que não se enquadra com o empreendimento inaugurado no sábado (28.09) em Metuge, uma vez que se trata de infraestrutura que deveria ser mais policial que militar.
Ademais, dizem os especialistas castrenses que o fundador e arquitecto da Polícia de Intervenção Rápida foi o ex-Presidente da República, Armando Emílio Guebuza e não Filipe Jacinto Nyusi que ainda se encontra em exercício, o que faria mais sentido a atribuição do nome, mas conforme argumentou a nossa fonte que pediu anonimato, a atribuição do nome e posterior inauguração visa exclusivamente agradecer e endeusar a figura do actual Chefe do Estado e sua família. (O.O.)