O El Niño é um evento climático natural que provoca o superaquecimento das águas do Oceano Pacífico. A sua ocorrência vai, provavelmente, adicionar ainda mais calor ao planeta, já aquecido devido às mudanças climáticas.
O Centro de Previsão Climática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos da América anunciou, na última quinta-feira, que o fenómeno meteorológico já se faz sentir no mundo e deverá “reforçar-se gradualmente” nos próximos meses.
Em Moçambique, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) explica que o El Niño pode agravar a falta de chuva que já se verifica no país.
“Já estamos com défice de precipitação (chuva), principalmente nas regiões Centro e Sul do país. O nosso inverno é caracterizado, em grande medida, por pequenas quantidades de chuva. A ser o que se projecta aqui (quanto ao El Niño), provavelmente, termos essa pouca chuva ainda mais escassa e o nosso período de verão pode ser, também, caracterizada por escassez de precipitação nas zonas Sul e Centro do país”, disse o meteorologista do INAM, Lelo Tayobe.
O INAM explica que o fenómeno pode ocorrer até Fevereiro do próximo ano e há possibilidade de ser mais intenso no Inverno, causando seca no país.
“Num passado recente, tivemos escassez de água nestas regiões, o que causou grandes perdas de gado. Em vários rios, podemos ter dificuldade, principalmente para os agricultores que dependem da água dos rios”, assegurou o meteorologista.
As temperaturas relativamente altas, atípicas no Inverno, e que se fazem sentir no país, “não podem estar associadas directamente ao El Nino”, disse a fonte.
Nos próximos dias, o INAM prevê a continuação de dias frios, com o possível pico a ser atingido em Julho próximo.
POR QUE O FENÓMENO É TÃO TEMIDO?
A ocorrência do El Niño, (o menino), é cíclica, mas é difícil prever a sua periodicidade. Sabe-se que esse fenómeno acontece em intervalos de cinco a sete anos em média, geralmente intercalando com o La Niña (a menina), caracterizado por chuva intensa, em períodos que variam de um a 10 anos.
De acordo com as projecções do Centro de Previsão Climática norte-americano, o fenómeno, provavelmente, fará de 2024 o ano mais quente já registado, isso se o ano 2023 não o for.
Especialistas internacionais temem ainda que isso influencie o aumento do aquecimento global, que actualmente ronda 1,5º C. O El Niño tem impactos ambientais temidos por todos. Mas o que amedronta ainda mais os países são as consequências económicas que podem causar nos bolsos de várias nações em todo o planeta terra.
As actividades económicas sofrem grande prejuízo em anos de El Niño, sobretudo a agricultura e a pesca. Nas áreas de chuvas torrenciais de verão, a população é afectada por seca e estiagem.
Na história, o mais forte El Niño aconteceu entre 1997 e 1998 e custou triliões de dólares, com mais de 20 mil mortes por tempestades e inundações.
O El Niño começa no final do ano, entre os meses de Setembro e Dezembro, e tem duração de até um ano e meio. (Texto Jornal O País)