Para o menino Cândido chegar à escola tinha que atravessar uma ponteca sobre o rio Mweneze. Uma infraestrutura construída apenas por um tabuleiro de betão sem barreiras nas laterais e que em dias de chuva as águas galgam a estrutura constituindo um perigo para os transeuntes.
Já na 3ª classe, o pequeno Cândido viu-se obrigado a interromper seus estudos devido a chuvas intensas que se faziam sentir naquela região e aliado ao perigo que corria durante a ida ou volta da escola devido as péssimas condições de travessia, a mãe do menino acabou empurrando-o para o trabalho infantil e foi durante longos anos cobrador em uma barraca rural de projecção de filmes, portanto, a apetecia pelo dinheiro fez com que o menino ficasse perdido no tempo e no espaço, no que tange ao processo de ensino-aprendizagem, mas hoje decidiu voltar à escola.
Devido ao seu atraso, foi recomendado para que frequentasse a 3ª classe do Sistema Nacional de Alfabetização e Educação de adultos. É um regresso a escola que conta com o apoio da Associação Parceira de Apoio a Criança (PAC), uma agremiação que luta contra às piores formas de trabalho infantil, sediada na cidade de Chimoio.
A PAC ofereceu uma bolsa de estudo ao pequeno Cândido e um kit completo de material escolar e este recebeu com agrado. “Estou feliz pelo gesto, vi que já tinha a necessidade de voltar à escola e não tinha quem me ajudasse, mas a PAC veio e está a oferecer-me uma oportunidade e não vou defraudar, prometo não voltar mais a aquela barraca trabalhar e quero estudar e alcançar o meu irmão mais novo que já está na 8ª classe”, dissertou Cândido Ernesto.
Em situação diferente do Cândido está a Maria que conciliou a escola e o trabalho infantil, aliás no período em que a Maria não tivesse actividades estudantis encarregava-se na venda ambulante de frutas arrumadas numa peneira, e vendia as de rua à rua em quase toda a cidade de Chimoio. Palmilhava pela cidade em busca de algum para ajudar nas despesas familiares e sustentar a sua actividade escolar.
Hoje Maria frequenta a 10ª classe e tem 16 anos, entretanto, a Maria faz parte das 21 crianças órfãs e vulneráveis que a PAC quer ver longe do trabalho infantil e igualmente ganhou uma bolsa de estudos, kit completo de material e uniforme escolar.
“Estou feliz pelo gesto e prometo estudar muito para mudar a minha situação de vida”, disse a menina com um semblante de quem está aliviada em procurar pelas ruas valores monetários para custear os seus estudos este ano.
Para além de bolsas de estudo, os kits de material e uniforme escolar doados, a PAC vai prover ao seu grupo alvo assistência social e psicológica para que estes não voltem a enveredar pela rota do trabalho infantil como fonte para o seu sustento, segundo o Director-Executivo, daquela agremiação, Severiano Molanda:
“Vamos estar atentos para que essas crianças não voltem a pautar pelo trabalho infantil como forma de encontrarem dinheiro e para que isso aconteça temos que submetê-los aos cursos profissionalizantes e que os líderes comunitários devem nos ajudar a sensibilizar aos pais e encarregados de educação destas crianças, para que não mandem elas as ruas venderam alguma coisa”, concluiu Molande.
A Associação Parceira de apoio a criança pretende tirar todas as crianças envolvidas nas piores formas de trabalho infantil a nível da província de Manica. (Pedro Tawanda, em Manica)