IMN – MOÇAMBIQUE, 05 de Julho de 2022 – Vem aí mais um grande problema para a província de Niassa. Trata-se do “braço de ferro” entre a Reserva Especial do Niassa e a população de M’sawize. Foi assim que, em outros pontos do país, o Estado perdeu credibilidade e instalaram-se tensas relações, que resultaram em manifestações violentas e noutros casos surgiu o recrutamento para as fileiras dos “Alshababs”.
Antigos combatentes do distrito de Mavago, querem que seus filhos tenham mais oportunidades na exploração dos recursos minerais, concretamente do Rubi que ocorre naquela região da província de Niassa.
O pedido foi expresso à governadora de Niassa, que, recentemente, esteve em visita de trabalho, o facto resulta da fúria e desentendimento entre a população do posto administrativo de M’sawize que não tem acesso àquele minério, sendo que os técnicos da Reserva Especial de Niassa, impedem a exploração pelos nativos. Muitas vezes até usam a violência.
O “braço de ferro” está instalado, entre a população e a Reserva do Niassa e na sua queixa à governadora, os naturais, disseram que os seus filhos estão a ser detidos, expulsos e maltratados, sempre que se fazerem à exploração do Rubi nas áreas de ocorrência.
Disseram ainda que, ao serem proibidos de usufruir da sua própria riqueza, os homens da Reserva Especial do Niassa, estão a contradizer o consenso entre as duas partes, segundo o qual, a população teria acesso livre para explorar os recursos naturais que ocorrem naquela área de conservação.
“Pediram a nós para dar nome, e demos o nome de Ntakawetu, que significa nossa terra, mas dentro disso, estão a caçar nossos filhos de avião por estarem a explorar as nossas riquezas”, disse um dos intervenientes na reunião orientada pela governadora, Judite Massengele.
A inquietação, vem numa altura em que, a população daquele posto administrativo, também, se sente excluída, do processo de desenvolvimento da província, primeiro, considerável número de velhos que lutaram para a libertação do país ainda não foram registados ou não beneficiam de pensões de combatentes e, segundo, é a falta de energia eléctrica da rede nacional. Refira-se que Niassa, acolheu o II Congresso da FRELIMO, o primeiro realizado no solo pátrio.
Em reacção às queixas da população, a governadora de Niassa, Judite Massengele, explicou que dentro do Plano de Desenvolvimento da província, as preocupações vão ser resolvidas, mas não aponta quanto tempo vai levar.
Segundo ela, há alternativas a serem feitas para não continuar a prejudicar a população do posto administrativo de M’sawize “vamos arranjar alternativas para que a população de M’sawize não fique prejudicada” garantiu Massengele, pedindo um trabalho conjunto para o alcance do desenvolvimento da região.
Só que, esta resposta ainda não é motivo de alegria para a população, porque nos seus comentários, vários anteriores dirigentes, fizeram promessas incluindo no período das campanhas eleitorais, mas a energia eléctrica, por exemplo, nunca foi realidade.
O distrito de Mavago faz fronteira a Este com o de Mecula, onde vários jovens foram influenciados a se juntar aos “Alshababs” que mais tarde viriam atacar as aldeias de Nampequesso, Naulala 1 e 2. Igualmente, faz fronteira com Tanzânia onde alguns “Alshababs”, incluindo líderes, são originários.
Niassa apesar de ser uma província com potencial agrícola, (agricultura é a base da economia no país) ainda é considerada a região menos desenvolvida de Moçambique.
Nem os planos do governo e muito menos da recente Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte – ADIN, ainda não são capazes de catapultar iniciativas de redução dos níveis de pobreza a padrões aceites pela comunidade internacional. (Mussa Yussuf para IMN)