IMN – MOÇAMBIQUE, 30 de Junho de 2022 – Nos últimos dias, os terroristas abriram três frentes de ataques na província de Cabo Delgado. Segundo apuramos de fontes militares trata-se das frentes de Ancuabe, Nangade e Macomia, nesta última, as incursões foram para três comunidades, nos postos administrativos de Chai, Chitoio e Mucojo.
Um dado importante segundo fontes locais é que na terça-feira (28), nas proximidades da aldeia Chitoio, no posto administrativo de Chai, os terroristas decapitaram quatro pessoas, duas das quais motociclistas, e levaram seus pertences. Na altura dos factos, os motociclistas estavam a caminho da sede do distrito de Macomia.
De acordo com informações colhidas pela nossa reportagem, desde a intensificação dos ataques, os transportes públicos de passageiros, vulgo “chapa 100 ” não chegam às aldeias daquele distrito, que foi um dos grandes bastiões da emergência do grupo terrorista em Cabo Delgado. Por exemplo, nas machambas da aldeia Nkoe, ainda no mesmo Posto Administrativo de Chai, raptaram um número desconhecido de mulheres.
Contudo, na manhã do dia 22 de Junho do presente ano, o grupo terrorista realizou uma nova incursão na aldeia Nkoe. No ataque, contam as fontes, os Mashababs como são conhecidos localmente, romperam a aldeia por volta das 6 horas da manhã, com disparos, pondo em pânico a população, que fugiu aos esconderijos e de seguida várias casas foram queimadas e bens da população saqueados.
Uma situação estranha ou não, é que o ataque aconteceu no mesmo dia ou um dia depois da troca das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, destacadas àquela região. A ser verdade, suspeita-se que houve troca de informação, tal como a Ministra do Interior, Arsénia Massingue, afirmou na sua recente visita a Cabo Delgado, que certos agentes partilham informações aos terroristas.
Já no dia 23 de junho, um outro grupo, voltou a atacar a aldeia Nanjaba, que dista a 16 quilómetros da vila de Macomia, por volta das 20 horas. Os Alshababs, entraram disparando e de seguida atearam fogo às palhotas da população. Aliás, duas pessoas ficaram feridas, uma delas no braço após receber um tiro. Tal como em ataques anteriores, a população voltou a deslocar-se à vila de Macomia, apurou Integrity.
Lembrar que, recentemente (em maio último), os terroristas atacaram as aldeias Chicomo e Namituco. Naquelas zonas um Líder religioso e Secretário da aldeia foram mortos. Casas também queimadas e vários produtos açambarcados. No dia 6 de junho, os Alshababs numa incursão tinham raptado uma criança perto de Chai-sede, mas o Integrity Magazine News não teve mais detalhes sobre esta acção, mas sabe-se que para dar espaço às operações das FDS e do Ruanda, mais de 500 pessoas foram evacuadas para a sede do distrito de Macomia, onde estão a receber parcelas de terras para recomeçar a sua vida.
Portanto, nos passados dias 7 e 8 de junho, o Estado Islâmico, divulgou informações segundo a qual haviam atacado uma posição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na aldeia Nova Zambézia, pouco antes de V Congresso, levando armas e matando pelo menos um elemento do Exército moçambicano.
Em resposta, às Forças Conjuntas moçambicanas e da SADC, contra-atacaram na zona de Namabo, a 9 de Junho. Em resultado, através de um comunicado datado a 13 de Junho, a missão da SADC anunciou que havia abatido muitos terroristas, recuperado armas do tipo AK-47 e várias munições e do seu lado, confirmou a morte de um elemento e outros seis teriam sido feridos.
Os ataques terroristas em Cabo Delgado, começaram na madrugada de 5 de Outubro de 2017 e já afectaram 11 dos 17 distritos de Cabo Delgado. De lá para cá, os ataques continuam, mesmo com a presença das forças da SADC e do Ruanda que se juntaram às tropas moçambicanas. As organizações humanitárias e de monitoria do conflito estimam que mais de 4 mil pessoas perderam a vida, mais de 800 mil estão deslocadas, além de vários desaparecidos. (Mussa Yussuf, em Cabo Delgado para a IMN)