Por: Onélio Luís/Jornalista
Foi em Fevereiro de 2012, que passei a residir no Lar da Maxaquene-Khovo ciente de que era residência para estudantes dos Institutos Industrial e Comercial de Maputo, eu e mais outros que não eram estudantes dessas instituições estávamos de boleia.
No Khovo-Lar estavam internados também, estudantes da UEM, UP, ISUTC, e outras instituições de ensino entre médios e superiores. Os estudantes eram oriundos de vários pontos do país.
Na “Magna Casa” como tratávamos residência, o menu das refeições ao longo da semana era composto por: Xima e Feijão, Arroz e Carapau, Arroz e Couve, Arroz, repolho e peixe. Para o pequeno-almoço tínhamos, até uma dada altura, uma metade de pão e xícara de chá. Os que tinham um pouco de condições não se faziam ao refeitório, por vontade própria, para se alimentarem dessa “gororoba”, comiam em outros sítios ou faziam cozinhas “clandestinas” nos dormitórios o que muitas vezes custava uma factura pesada de electricidade no final do mês, aos gestores da residência visto que usava-se fogões eléctricos.
O que era servido no refeitório do Khovo-Lar dava para consumir, principalmente para quem não tinha opção… Os cozinheiros tentavam, embora com poucos ingredientes, dar algum sabor na comida. Nos dias de arroz com couve ou arroz com repolho o refeitório ficava quase desértico, pois estas eram as refeições mais indesejadas pelos estudantes, mas no dia de arroz com peixe registava-se uma fila enorme e, não era para menos, porque eram raras vezes que o peixe fazia parte do cardápio, tal como a carne de vaca com que um dia a mamã Regina (a antiga Directora do Lar) decidiu laurear os nossos estômagos, numa altura em que já tínhamos esquecido o sabor da carne.
Os estudantes da UEM tinham duas opções para refeições. Nas residências da UEM tinham refeitórios que em comparação com o do Khovo-Lar serviam boas refeições e que para ser beneficiário não bastava apenas comprar a senha que na altura custava 5 a 7 meticais, mas tinha que exibir o cartão de estudante, que nem sempre era exigido.
Fiquei a saber dessa “boa nova”, que me faria escapar da FOOD do Khovo-Lar, através do meu mano Waza que na altura era MAZA. Deu-me dicas de como se beneficiar da refeição da UEM sem necessariamente ser estudante de lá. Uma das dicas era caso exigissem o cartão, tinha que dizer que esqueci na residência e/ou ainda não foi emitido quando se fosse no início do ano…
Os dias foram passando com a minha “escassez” no refeitório do Khovo-Lar, tanto que já nem me preocupava quando chegava 12 (hora do almoço) ou 19 (hora do jantar) desde que os meus 7 ou 14 contos estivessem no bolso para garantir a FOOD do Tangará, Selfie ou R8 (Residências da UEM que tinham refeitórios). Durante um bom tempo passei refeições nestes locais até chegar o dia em que fui “apanhado”.
No dia a que me refiro sai da Escola de Jornalismo, onde as aulas terminavam até às 13h00 e, como era habitual fui directo à R8 (Residência nº8 da UEM) que cita na avenida Karl Marx, próximo ao Mercado do Povo, para laurear o meu estômago. Com os 7 meticais na mão esticada, o senhor que atendia ignorou o tako (dinheiro), olhou para os meus olhos, que já denunciavam fome intensa e sentenciou: “hoje sem cartão não comes…” As dicas não surtiram efeitos. Sem mais nada a fazer, dediquei-me a recolher a minha vergonha e engolir diante dos outros estudantes que me seguiam na fila e fui ao Khovo-Lar onde a hora do almoço já tinha passado. Pão e Badjia foram a minha salvação naquele maldito dia.
Estava claro de que na R8 a mina “mascara” já havia caído. Não podia mais pôr os pés lá, para resolver questões estomacais, enquanto não tivesse cartão de estudante da UEM. Não desisti. Bolei outro plano. Passei já a frequentar a Residência Selfie e lá tudo corria bem até encontrar o mesmo senhor que me “neutralizou” na R8 a atender evitei de todas as formas que me visse, dei meia volta e desapareci entre a multidão de estudantes e fui à “Magna Casa”. Mais um dia de insucesso. Homem era implacável para quem não tivesse cartão.
A exigência do cartão não foi só para mim, mas também a muitas outras pessoas que mesmo não sendo estudante da UEM iam “djecar” a FOOD dos bolseiros da primeira instituição de ensino superior no país. O controlo era feito periodicamente, pois por vezes a comida acabava antes dos legítimos donos serem servidos o que causava prejuízos à Colmeia, instituição responsável pela distribuição das refeições nas residências.
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