Ah, senhor Ministro de Transporte e Logística, ou devo chamá-lo de Piloto de Promessas? Porque de aviões, até hoje, só vimos os seus discursos a decolar e despenhar-se logo em seguida no chão da realidade. Lembra-se dos seis aviões que prometeu até Dezembro? Pois bem, os seis aviões são como o santo Graal: todos falam deles, ninguém sabe onde estão, e duvido que alguém os veja antes do fim do mundo.
Enquanto o senhor sorria em entrevistas, apontando para gráficos coloridos e números que dançavam mais que bailarinos de carnaval, o cidadão comum continuava a empurrar carrinhos de bagagem, esperar filas intermináveis e a observar os céus… vazios como a sua palavra.
E que dizer da alcunha perfeita para esta epopeia? Com licença! Sim, senhor, nada mais apropriado: colisão entre promessa e realidade, uma batida certeira de ilusão contra concreto. Cada atraso, cada desculpa esfarrapada, é um espectáculo de logística imaginária, digno de prémios de criatividade burocrática.
A população, essa coitada paciente, já aprendeu a arte da contemplação do vazio. Binóculos em punho, olham para o céu, esperando pelo milagre, enquanto no solo a verdadeira comédia acontece: portos cheios, aeroportos caóticos, voos atrasados… e o senhor continua a prometer aviões que só existem nos slides do PowerPoint.
Mas não se preocupe, senhor Ministro, nós, meros mortais, somos bons espectadores. Rimos de nervoso, suspiramos de cansaço e batemos palmas para o ar. Afinal, ninguém disse que política aérea em Moçambique seria sobre aviões. É sobre fantasia, ilusão… e, claro, muita Colisença.
E quando Dezembro chegar, e os seis aviões continuam ausentes, prometo escrever outro bom dia, porque o sarcasmo é a única bagagem que ainda conseguimos carregar com segurança. (Milda Langa)






