Presidente Chapo apela à unidade global e defende reforma da ONU em estreia no palco mundial

O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, fez a sua estreia na 80ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque com um discurso enfático, no qual defendeu o fortalecimento do multilateralismo, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e o papel de África como um actor indispensável na ordem global.

Comemorando o cinquentenário da independência de Moçambique e dos 80 anos da ONU, o Chefe do Estado destacou a necessidade de uma abordagem conjunta para enfrentar desafios como conflitos, crise climática e desigualdades, sublinhando que “somos povos distintos, mas partilhamos a mesma terra”.

Na tribuna global, o Presidente Chapo salientou a necessidade de uma reforma urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, afirmando que “qualquer esforço de reforma que vise torná-la mais ajustada e com maior capacidade para dar resposta às realidades contemporâneas só será completo quando incluir de forma inequívoca a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. Esta posição reforça o apelo de Moçambique por uma maior representação de África, defendendo a atribuição de dois assentos permanentes para o continente no órgão.

Um dos pontos altos do discurso foi a ênfase na justiça climática. O Presidente da República referiu-se ao parecer histórico do Tribunal Internacional de Justiça, de 23 de Julho de 2025, que obriga os Estados a protegerem o clima. Para Moçambique, um país que não tem “responsabilidades históricas pela crise climática, mas está entre os mais atingidos”, esta decisão é mais do que um princípio legal; é um “apelo à justiça climática, é um apelo à solidariedade global e à acção imediata”.

O governante não deixou de fora as novas tecnologias, em especial a Inteligência Artificial (IA). Reconhecendo as oportunidades que a IA e as tecnologias emergentes oferecem, o estadista moçambicano alertou para os riscos de “exclusão, manipulação da sociedade e até da militarização através de armas autónomas”. Neste sentido, defendeu uma “diplomacia tecnológica e climática” para regular os riscos e democratizar os benefícios, através de uma “verdadeira transferência e partilha de conhecimento e tecnologias”.

Em termos de política interna, o estadista afirmou que a sua presença na ONU é “o resultado de um processo de escolha livre e transparente do povo moçambicano”. O Presidente da República sublinhou o compromisso do seu governo com a consolidação de um sistema democrático “robusto”, a realização de “eleições regulares e transparentes” e a promoção de um “diálogo nacional inclusivo”, cuja fase de auscultação pública foi lançada a 10 de Setembro.

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O Chefe do estado destacou as conquistas de Moçambique como membro não permanente do Conselho de Segurança, incluindo a promoção de uma declaração presidencial sobre o papel de África nos assuntos globais e a contribuição para a Resolução 1729-2023. Estes marcos, segundo ele, demonstram que África não é apenas uma beneficiária, mas um “actor indispensável na sua reforma e revitalização”.

O líder moçambicano reiterou o apoio do país à solução para o conflito entre a Palestina e o Israel, e expressou oposição a “medidas coercivas unilaterais que continuam a punir povos inteiros, de Cuba à Venezuela, do Zimbabwe a outros países”.

Para concluir, o Presidente Chapo apelou a uma “fé renovada na capacidade colectiva da humanidade”, afirmando que “Moçambique conta com a ONU e a ONU pode contar com Moçambique”.

O discurso do Presidente da República serviu como um apelo à solidariedade global e a um multilateralismo mais inclusivo e justo, alinhado com o tema da sessão: “Melhor Juntos 80 Anos e Mais pela Paz, Desenvolvimento e Direitos Humanos”. (GI)

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