Moçambique não tem nenhuma ideologia governativa e nem uma perspectiva utópica que alimente os nossos sonhos, projectos de vida e trabalho árduo para vencer. Mas o que é uma ideologia? Entende-se por ideologia como um conjunto organizado de ideias, crenças, valores e princípios que formam uma visão de mundo coerente e orientam a compreensão da realidade, a interpretação de problemas sociais, políticos ou económicos, e as acções de indivíduos ou grupos, ou seja, a ideologia oferece um quadro de referência para explicar como a sociedade funciona, como deveria funcionar e como transformá-la.
As ideologias são mapas mentais que nos ajudam a navegar na complexidade do mundo, mas também podem limitar nossa visão quando dogmatizadas e elas são importantes para o nosso autoconhecimento, análise social e cidadania crítica, mas infelizmente isto não se verifica em Moçambique, onde as pessoas vivem conforme o tamanho da sua fome ou círculos políticos e sociais.
Não é normal que uma sociedade viva sem rumo e apregoe formas de vida nocivas e anti-humanas que legitimam a indignidade governativa que se assiste neste País há décadas. Com o Samora Machel, o povo acreditava no sonho de um País de homens novos e transformadores, agentes do desenvolvimento do país. Com Chissano, a gola humana foi activada e promovida. Com Guebuza, a música da unidade nacional e da auto-estima foi bastante entoada, havia esperança, mas durou pouco. Com Nyusi, a gola retornou e o gangsterismo prosperou. E hoje, com Daniel Chapo, as questões se levantam, ressurgem ou deixamos que o País afunde.
Precisamos de uma ideologia para que o futuro não seja mais caótico que o cenário actual. É urgente repensar o Estado e as linhas ideológicas que devem nos guiar para que ninguém desista de Moçambique! (EDITORIAL – 30 de Junho da REVISTA em PDF)