Intitulada Narração nocturna, a obra, de 254 páginas, tem como protagonista José Fernandes Júnior, um “indígena”, que recebe de um administrador a encomenda de escrever um texto sobre a história de Chiúta. Entretanto, ao mesmo tempo em que a personagem escreve para o administrador, uma filha rebelde desafia-lhe a imortalizar determinadas memórias “não oficiais”, as quais são narradas na calada da noite.
A figura de José Fernandes Júnior é muito curiosa, tendo em conta o contexto colonial, em que muitos moçambicanos eram iletrados. A personagem contraria a regra e chega a redigir inúmeros documentos importantes, como “Divagações históricas sobre o distrito de Tete” (1944), “Nota histórica sobre o distrito de Tete” (1945), “Narração do distrito de Tete” (1956) e “Comunicação do indígena José Fernandes Júnior, residente no Posto Administrativo da Chiúta, acerca do alemão Carlos Wiese” (1958).
É justamente por José Fernandes Júnior ser um indivíduo influente entre os seus contemporâneos e ter escrito uma série de textos interessantes sobre a História que chamou a atenção de João Paulo Borges Coelho para o retratar em Narração nocturna.
Na óptica do romancista, a pena de José Fernandes Júnior funciona como um acto de rebeldia, porque quebra a ideia de que o colono escrevia e o “indígena” apenas ouvia.
A obra Narração nocturna, que sai sob a chancela da Editorial Fundza, deverá ser lançada brevemente nas cidades de Maputo e Beira.
João Paulo Borges Coelho é historiador e escritor de ficção. Tem obras publicadas em Moçambique, Portugal, Itália, Brasil e Colômbia e textos antologiados em muitos países. Várias obras suas foram distinguidas, nomeadamente As Visitas do Dr. Valdez (Prémio Craveirinha), O Olho de Hertzog (Prémio Leya), O Olho de Hertzog e Ponta Gea (Prémio BCI, 2010 e 2018, respectivamente), e Museu da Revolução (2º lugar do Prémio Oceanos).
Para mais informações, por favor, contactar: +258 873860128.