Com a sua grandeza e arquitetura distinta, o Chuabo representa a força e a identidade da região, fazendo a sua história, jus às conquistas do povo Moçambicano, que o construiu ainda no tempo colonial, mas teve a capacidade de o manter intacto perante as adversidades. Mesmo durante os períodos mais desafiadores – a luta de libertação e os anos de conflito armado que se seguiram – o Chuabo foi firme, mantendo sempre as suas portas abertas e transmitindo, desta forma, à população local, sinais de esperança na vitória anunciada.
Por: Caice Salé
30.06.25
Através do empenho da sua equipa, o Chuabo serviu como um ponto de união, destacando-se na história da Zambézia e de Moçambique.
O Hotel Chuabo é também um empreendimento de potencial empregabilidade como poucos na Zambézia – no tempo em que lá estive ao serviço da joint venture entre o IPS Lda e a Intelec Holdings, o Chuabo (cuja gestão o Estado optou estrategicamente por ceder a empresários Moçambicanos), tinha no seu quadro de pessoal efetivo, 88 trabalhadores, representando a sobrevivência direta de pelo menos 88 famílias. E não só! Estabelecendo relações locais com diversos stakeholders púbicos e privados, dinamizava a economia local. Era por isso, premissa inviolável, que as portas do Hotel Chuabo não fechariam… aliás o saudoso Sr Olímpio Muceliua recordava nos sempre: “um Hotel nunca fecha as portas!”
Contudo, um dos pontos mais relevantes a ser destacado é que a infraestrutra do Hotel Chuabo, desempenha um papel crucial na sobrevivência do complexo Monteiro Giro. Fechado, este espaço, que deveria servir como um suporte ao complexo geral, deteriora se a uma velocidade acentuada. E essa deterioração, não só compromete a própria infraestrutra, mas também gera preocupações sobre segurança e saúde pública, afetando diretamente as centenas de famílias residentes.. A situação exige uma atenção urgente, do Governo, do Município e da população local, a começar pelas “tímidas” elites locais – com poder de influência junto dos grupos de interesse; é que, o estado atual do local pode trazer riscos significativos à comunidade.
A província da Zambézia, tem uma nova geração de jovens empreendedores que se destacam pela sua habilidade em acolher e servir com excelência. Estes jovens demonstram um grande potencial para gerir negócios na província, seja de forma independente ou,eventualmente, com o suporte de parcerias internacionais. Eles já se provaram capazes de trazer a inovação necessária, promovendo um ambiente de negócios vibrante para impulsionar o desenvolvimento local. Investir na abertura do Hotel Chuabo, contando com o talento destes jovens para a sua gestão, representaria acreditar no futuro da economia da região, onde a nossa diversidade, a nossa cultura, a nossa gastronomia, o nosso saber e a criatividade- integrados- podem transformar esta fragilidade que a infraestrutra atualmente representa, em uma oportunidade de sucesso para a Zambézia e para o País.
Muitos cépticos argumentam diversas razões para manter a resistência em abrir as portas do Hotel Chuabo, mas a verdade é que, com um plano de urbanização e requalificação bem estruturado, podemos transformar nossas cidades de forma positiva. E o apoio da comunidade é essencial nesse processo. Temos o exemplo da Europa que aposta na requalificação da imagem das suas cidades, transformando ruínas em empreendimentos de luxo, com saber local.
Numa altura em que celebramos os 50 anos de nossa independência, reabrir o cartão postal da Zambézia – o Hotel Chuabo- seria uma forma singela de reconhecimento do espírito de perseverança que caracteriza a nossa estimada e única cidade de Quelimane.
Where there is a will, Allah shows the way!