Essa imagem ilustra meio século de cooperação sino-moçambicana, que se materializa hoje em histórias concretas de transformação agrícola.
O ano de 2025 marca o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Moçambique. Ao longo dos anos, a tecnologia agrícola chinesa tem ajudado significativamente no aumento da produção de alimentos e na melhoria da segurança alimentar no país.
Desde a década de 1970, com o envio de especialistas chineses após a independência de Moçambique, a cooperação agrícola entre China e Moçambique foi aprofundada.
Em 2005, Hubei e a Província de Gaza firmaram um acordo de cooperação para a Fazenda da Amizade. Em 2011, a Hubei Hefeng Grain and Oil Group Co., Ltd. desembarcou no local para analisar o potencial para irrigação de arroz, atraída por terras férteis, abundância hídrica e clima favorável.
Investindo mais de 30 milhões de yuans, a empresa transformou vastas áreas secas em arrozais irrigados, iniciando o plantio em novembro de 2013 e assegurando a compra da produção junto a autoridades locais, associações agrícolas e os próprios agricultores. Esse formato de “agricultura encomendada” garantiu incentivo e segurança ao plantio, consolidando o modelo.
Hoje, além de cerca de mil hectares de arrozais demonstrativos, a fazenda manteve uma unidade modernizada de 11,56 hectares e uma fábrica de beneficiamento com capacidade diária de 50 toneladas. O alcance do projeto supera 20 mil hectares, envolve cerca de 200 empregos locais e gera um impacto financeiro de aproximadamente US$ 3,5 milhões por safra.
Lançada em 2011 em Xai-Xai, capital provincial de Gaza, Wanbao, outra fazenda moderna de arroz com investimento chinês no sul de Moçambique, é uma das maiores operações modernas de cultivo de arroz na África, produzindo 16 mil toneladas de arroz anualmente. O projeto recebeu apoio posterior do Fundo de Desenvolvimento China-África.
Com cerca de 20 mil hectares de terra, incluindo aproximadamente 3.333 hectares de arrozais, a fazenda estabeleceu um modelo de cooperação consolidado. As famílias locais recebem terra, sementes, fertilizantes, treinamento técnico e apoio financeiro, enquanto a empresa compra suas colheitas sob contratos pré-acordados. Como resultado, a produtividade média saltou de uma a duas toneladas por hectare para cinco a sete toneladas, e a eficiência do uso da terra cresceu dez vezes.
Às margens do rio Limpopo, maquinários como colheitadeiras, debulhadoras e polidoras elevaram a produtividade de 150 quilos por hectare para mais de 500, representando um salto de 233%. Os resultados nas plantações são visíveis em cada punhado dourado.
Segundo Armando M. Ussivane, gerente da Empresa de Irrigação do Baixo Limpopo, a Wanbao introduziu variedades chinesas de arroz de alto rendimento e insumos modernos, ao mesmo tempo em que trabalhava em parceria com técnicos locais para orientação de campo. Alguns agricultores já adquiriram capacidade para gerir a produção e as vendas de forma independente.
Para Shao Jiayun, diretor-geral da Wanbao, a fazenda emprega 156 funcionários locais em tempo integral e mais de mil trabalhadores sazonais nos períodos de pico. Desde o início do projeto, a empresa já capacitou mais de 2 mil agricultores e trabalhadores rurais. Com um fornecimento anual de arroz local entre 12 mil e 15 mil toneladas, o que representa cerca de 6% da produção interna de Moçambique, a fazenda contribui de forma significativa para a segurança alimentar nacional em um país que ainda importa mais do que o dobro de sua produção doméstica.
As histórias dos produtores dão rosto a esses números. Em Chókwè, na Província de Gaza, o agricultor António celebrou a mudança em sua vida após aderir ao projeto da Fazenda da Amizade e participar de diversos treinamentos técnicos, e aplicou métodos de cultivo científico. “Agora, com o projeto, dobrei minha produção e renda, comprei uma picape e construí uma casa nova”, disse.
Otilia Tomo, diretora técnica de Ciências Animais do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, disse em entrevista exclusiva à Xinhua que a agricultura é uma área importante da cooperação entre a China e Moçambique, pois a China já passou pela mesma situação de pobreza que Moçambique mas agora ostenta conquistas notáveis em sua transformação.
Mais do que uma parceria técnica, a cooperação evoluiu para um modelo de cadeia produtiva completa – da semente à prateleira. Marcas locais de arroz como “Daoxiang” e “Bom Gosto” já fazem parte do dia a dia das famílias moçambicanas. Ao mesmo tempo, produtos como castanha de caju e gergelim ganharam acesso ao mercado chinês, impulsionando o comércio bilateral.
Ao diversificar cultura, tecnologia e infraestrutura, China e Moçambique constroem juntos não apenas safras, mas também segurança alimentar, inclusão e desenvolvimento rural sustentável.
“Este ano é um ano de jubileu, é um ano que completamos 50 anos da amizade entre os dois países. Durante esses 50 anos, Moçambique tem apreendido muito da China, Moçambique tem tido vários apoios da China em diferentes áreas, infraestruturas, agricultura, educação, saúde, entre outras áreas”, disse Otilia Tomo.