A audição está marcada para esta Sexta-feira (27.06), onde se espera que a Cidade de Maputo esteja em “Lockdown” devido a forte presença policial nas estradas e presença dos apoiantes do político mais mediático do momento em Moçambique.
Em entrevista exclusiva concedida à Integrity e que será veiculada na íntegra na edição em PDF da Revista e que sai na próxima Segunda-feira (30.06), Venâncio Mondlane disse que está preparado para o que der e vier. “As tantas a próxima entrevista pode ser na B.O (risos). Amanhã há duas coisas que para mim são previsíveis: no primeiro interrogatório, o Procurador cometeu erro básico e técnico interrogou-me por 10 horas e esqueceu-se de me dizer qual é o crime que sou acusado, então ele levantou um problema, se você interroga uma pessoa e não lhe diz qual é o tipo de crime, logo todo seu interrogatório é nulo, e para mim acho que eles querem corrigir isso, mas muito tardiamente (…).”
“Mas se é isso que eles querem fazer, então nós já tomamos diligências, submetemos na Terça-feira (24.06) um pedido de diligências dos quais fizemos várias diligências para serem ouvidos o antigo Comandante-Geral da polícia da República de Moçambique (PRM) Bernardino Rafael, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) Dom Carlos Matsinhe, a Presidente do Conselho Constitucional Lúcia Ribeiro e as vítimas, que foram massacradas e estão disponíveis a testemunhar, logo eles não podem concluir a acusação sem ouvir estás pessoas e nós fizemos o arrolamento destas pessoas e estão disponíveis e inclusive assinaram os documentos e garantiram que querem testemunhar, então eles vão ter um trabalho muito forte nos próximos tempos e este processo não vai ser nada fácil para eles (…)”, explicou Mondlane.
Segundo Venâncio Mondlane, o processo não será nada fácil para as autoridades judiciais moçambicanas. “Também estão metendo-se com um gajo que não é nada fácil. Um gajo como dizem que já morreu para o mundo, então não faz diferença, se quiserem me prender podem, estou pronto, se quiserem me prender amanhã [hoje] podem me prender.”
Está audição acontece um dia depois da PGR ter ouvido Manecas Daniel e Justino Mondlane, membros da Coligação Aliança Democrática (CAD) que na entrada naquela Instituição acusaram o regime vigente de perseguição política e que os processos em curso demonstram definitivamente que “a máscara do sistema caiu”.
A PGR tem sido vista como a máquina de perseguição contra membros da oposição em Moçambique, uma vez que existem várias figuras ligadas ao partido no poder que já deveria ser levada à justiça há algum tempo, mas que continuam a refastelar tranquilamente em melhores restaurantes do País e no estrangeiro. É o caso dos membros da CNE que mesmo com o encaminhamento dos casos por parte do Conselho Constitucional dos crimes praticados durante as eleições autárquicas (2023) e gerais (2024) que culminaram nas manifestações, detenções e assassinatos acima de 500 pessoas, não se conhece nenhum processo contra a turma dos 17 que arrastaram o País para aquela situação.
A PGR moçambicana é conhecida por promover injustiças e não defender a legalidade como é a sua principal missão, o que acaba criando este desajustamento legal e garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos que esperam que o poder judicial seja mais forte para todos e não promotora de filhos e enteados na mesma pátria.
No entanto, entendem algumas figuras que uma possível detenção de Venâncio Mondlane poderá desencadear uma nova onda de manifestações violentas e uma crise sem precedentes no Estado moçambicano, onde todo exercício de busca de diálogo e paz poderá morrer por terra e o País voltará ao estágio de caos conforme se verificou de Outubro de 2024 a Abril de 2025, talvez seja isto que os dirigentes do País queiram! (Omardine Omar)