“O processo continua ainda em curso ao nível da LAM, sendo que são necessários, de facto, novos aviões para que a companhia aérea se torne numa empresa robusta que possa gerar lucros e dividendos”, explicou.
Intervindo durante uma entrevista colectiva com vários órgãos de comunicação, o chefe do Estado declarou que as instituições públicas devem permanecer fortes e gerar lucros. No entanto, há que “combater a corrupção, um mal que afecta e infecta a sociedade, factores que constituem uma das barreiras para o desenvolvimento”.
“Vamos avançar com a reestruturação em muitas outras empresas públicas que, neste momento, não estão a gerar receita pura. A missão está centrada em combater a corrupção não só nas empresas públicas, mas em todo o aparelho do Estado, sem muitos alaridos, sem ‘caça às bruxas’, mas com ética, com responsabilidade, com competência. Precisamos de integridade nas nossas instituições”, acrescentou.
Em Maio, o Executivo anunciou a contratação da Knighthood Global para liderar a nova fase de reestruturação financeira e operacional da LAM. A empresa, liderada por James Hogan, antigo presidente da Etihad Airways, tem um prazo de três meses para estabilizar e reposicionar a transportadora aérea moçambicana.
“O foco nos primeiros três meses é estabilizar e reposicionar a LAM”, refere a nota da consultora, sublinhando que trabalhará em articulação com os novos accionistas — Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose) —, entidades com mandato para adquirir novas aeronaves e reconstituir a frota.
“A Knighthood Global está a conduzir este processo competitivo, com prazos limitados, para garantir aeronaves que atendam aos requisitos operacionais, comerciais e estratégicos da LAM, seja por meio de compra directa, aluguer financeiro ou aluguer operacional”, avançou um comunicado.
A entidade sustentou que “as partes interessadas devem enviar propostas formais, incluindo especificações técnicas, relatórios de ‘status’ de manutenção e termos comerciais, até sexta-feira, 20 de Junho de 2025”, acrescenta-se no anúncio.
Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimento, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
“Vamos avançar com a reestruturação em muitas outras empresas públicas que, neste momento, não estão a gerar receita pura. A missão está centrada em combater a corrupção não só nas empresas públicas, mas em todo o aparelho do Estado (…) Precisamos de integridade nas nossas instituições.”
Só em 2021, a LAM registou um prejuízo de mais de 1,4 mil milhões de meticais (21,7 milhões de dólares), em 2022 com 448,6 milhões de meticais (6,9 milhões de dólares), em 2023 com 3,9 mil milhões de meticais (60,5 milhões de dólares) e em 2024 com registo de 2,2 mil milhões de meticais (34,1 milhões de dólares).
Em Fevereiro, o Executivo anunciou a alienação de 91% das acções do Estado na companhia aérea através de negociação particular. O valor estimado a ser arrecadado com a venda das acções do Estado, cerca de 130 milhões de dólares (8,3 mil milhões de meticais), deverá destinar-se à aquisição de oito novas aeronaves e à reestruturação da empresa.
O Presidente da República, Daniel Chapo afirmou, recentemente, que há “raposas e corruptos” dentro da Linhas Aéreas de Moçambique, que possuem “conflitos de interesse” e que impediram a reestruturação da companhia de acordo com o previsto no plano dos primeiros 100 dias de governação.
O Executivo moçambicano comunicou que vai avançar com uma auditoria forense às contas da empresa referentes aos últimos dez anos, um processo que será concluído em menos de seis meses. Na sequência, uma fonte governamental admitiu ainda que será necessário, igualmente, “reduzir o número de trabalhadores” da companhia, dos actuais 800, devido à frota reduzida. (DE)