“A Knighthood Global está a conduzir este processo competitivo, com prazos limitados, para garantir aeronaves que atendam aos requisitos operacionais, comerciais e estratégicos da LAM, seja por meio de compra directa, aluguer financeiro ou aluguer operacional”, avança um comunicado citado pela Lusa.
De acordo com a entidade sediada em Abu Dhabi, as aeronaves devem ter uma configuração de duas classes, “com um mínimo de 120 e um máximo de 140 assentos, optimizado para os requisitos da rede intra-africana da LAM”.
“As partes interessadas devem enviar propostas formais, incluindo especificações técnicas, relatórios de ‘status’ de manutenção e termos comerciais, até sexta-feira, 20 de Junho de 2025”, acrescenta-se no anúncio.
A Knighthood Global foi contratada em Maio deste ano para liderar a nova fase da sua reestruturação financeira e operacional da LAM. A empresa, liderada por James Hogan, antigo presidente da Etihad Airways, tem um prazo de três meses para estabilizar e reposicionar a transportadora aérea moçambicana.
“O foco nos primeiros três meses será estabilizar e reposicionar a LAM”, refere a nota da consultora, sublinhando que trabalhará em articulação com os novos accionistas — Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose) — entidades com mandato para adquirir novas aeronaves e reconstituir a frota.
A consultora terá como missão a reestruturação da base financeira da LAM, redução do nível de endividamento, fortalecimento do perfil de investimento, modernização da frota, implementação de sistemas de tecnologia de informação e revisão do modelo de gestão de recursos humanos, de forma a assegurar maior eficiência e melhoria da qualidade dos serviços.
Recentemente, o Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), reunido em assembleia-geral extraordinária da LAM, decidiu com efeitos imediatos para a cessação de funções do presidente do Conselho de Administração (PCA) Marcelino Gildo Alberto e dos administradores dos pelouros das Finanças, Recursos Humanos e Serviços Corporativos, Altino Xavier Mavile, e do Técnico e Operacional, Bruno Miranda.
No mesmo encontro, houve a aprovação da nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes das empresas estatais que, este ano, passaram a ser accionistas da companhia aérea, nomeadamente a Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e a Empresa Moçambicana de Seguros (Emose).
Foi ainda aprovada a nomeação de uma “comissão de gestão, subordinada ao conselho de administração não executivo, com funções executivas, encarregada de conduzir a gestão da empresa e garantir a continuidade das operações”.
Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
As aeronaves devem ter uma configuração de duas classes, com um mínimo de 120 e um máximo de 140 assentos, optimizado para os requisitos da rede intra-africana da LAM.
Só em 2021, a LAM registou um prejuízo de mais de 1,4 mil milhões de meticais (21,7 milhões de dólares), em 2022 com 448,6 milhões de meticais (6,9 milhões de dólares), em 2023 com 3,9 mil milhões de meticais (60,5 milhões de dólares) e em 2024 com registo de 2,2 mil milhões de meticais (34,1 milhões de dólares).
Em Fevereiro, o Executivo anunciou a alienação de 91% das acções do Estado na companhia aérea através de negociação particular. O valor estimado a ser arrecadado com a venda das acções do Estado, cerca de 130 milhões de dólares (8,3 mil milhões de meticais), deverá destinar-se à aquisição de oito novas aeronaves e à reestruturação da empresa.
O Presidente da República, Daniel Chapo afirmou, recentemente, que há “raposas e corruptos” dentro da empresa Linhas Aéreas de Moçambique, que possuem “conflitos de interesse” e que impediram a reestruturação da companhia de acordo com o previsto no plano dos primeiros 100 dias de governação.
O Executivo moçambicano comunicou que vai avançar com uma auditoria forense às contas da empresa referentes aos últimos dez anos, um processo que será concluído em menos de seis meses. Na sequência, uma fonte governamental admitiu ainda que será necessário, igualmente, “reduzir o número de trabalhadores” da companhia, dos actuais cerca de 800, devido à frota reduzida. (LUSA/DE/IMN)