Segundo comunicado emitido pela própria companhia, o desempenho financeiro robusto deve-se à implementação de medidas como a gestão prudencial, racionalização de custos, informatização de processos e uma selecção mais rigorosa de riscos. Tais estratégias, embora eficazes do ponto de vista contabilístico, suscitam questionamentos quanto ao seu impacto na abrangência e acessibilidade dos serviços prestados.
Janfar Abdulai, presidente do conselho de administração, qualificou os resultados como “reconfortantes e promissores”, sublinhando que a EMOSE continua a liderar o mercado nacional, conforme relatório do Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique (ISSM). No entanto, a mesma liderança não tem sido acompanhada por uma revisão mais inclusiva das condições de cobertura oferecidas.
Um dos pontos mais sensíveis refere-se à recusa da seguradora em cobrir danos provocados por tumultos pós-eleitorais, ainda que clientes afectados tenham solicitado indemnizações. A EMOSE argumenta que, conforme estipulado nas apólices, manifestações associadas a eventos políticos estão excluídas da cobertura. Esta posição levanta críticas por parte de sectores que consideram tais exclusões desfasadas da realidade sociopolítica moçambicana, onde instabilidades pós-eleitorais não são eventos raros.
Enquanto celebra os lucros e a sua performance financeira, a EMOSE enfrenta o desafio de reavaliar a responsabilidade social que deve acompanhar a sua posição dominante no sector. A lógica de maximização de lucros, quando não acompanhada por uma expansão da protecção oferecida aos segurados em contextos críticos, pode minar a confiança pública e reforçar percepções de elitismo no acesso a seguros eficazes.
O balanço positivo de 2024 evidencia competência na gestão financeira, mas acende o alerta quanto à necessidade de um debate mais profundo sobre o papel da seguradora estatal num país em que grande parte da população continua vulnerável a choques sociais e económicos. (Nando Mabica)