A contestação interna, marcada pelo encerramento em massa das sedes provinciais, incluindo a sede nacional, põe em evidência a crescente insatisfação com a liderança actual, especialmente após os resultados das eleições gerais de Outubro do ano passado.
Segundo a direcção da Renamo, os recentes acontecimentos representam uma tentativa de infiltração de actores externos com o intuito de desestabilizar o partido. No entanto, para os contestatários, trata-se de um clamor legítimo por mudanças e por um posicionamento claro da liderança, que tem estado ausente no momento mais crítico da organização.
O porta-voz do partido, Marcial Macome, reiterou que o presidente Ossufo Momade “vai aparecer no momento certo”, evitando dar explicações concretas sobre o silêncio do líder em meio à crise. Macome apelou ao diálogo interno e à recuperação da consciência e responsabilidade histórica da fundação da Renamo, mas a sua mensagem parece ter pouco impacto diante da acção decidida dos guerrilheiros que encerraram fisicamente as estruturas do partido.
Quanto ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), Macome declarou que o partido não tem nenhum controlo sobre os pagamentos de pensões aos desmobilizados, responsabilizando o Governo por essa parte do processo uma tentativa clara de afastar a Renamo das críticas sobre promessas não cumpridas.
Em conferência de imprensa realizada este Sábado, ficou evidente que a direcção da Renamo está cercada por exigências internas e pressões externas. No entanto, enquanto Ossufo Momade se mantiver em silêncio e sem respostas concretas, a crise parece longe de um desfecho e ameaça corroer a estrutura de um dos principais partidos da oposição em Moçambique. (Nando Mabica