Governo prevê um orçamento de 513 mil milhões de meticais para 2025 em meio a desafios económicos e sociais persistentes

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 09 de Maio de 2025-O Governo moçambicano apresentou esta Sexta-feira, na Assembleia da República, a proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado para 2025 (PESOE 2025), estimando uma despesa total de 513 mil milhões de meticais. Embora o plano aponte para objectivos ambiciosos, como a estabilidade económica e a coesão social, o contexto político e económico levanta dúvidas sobre a viabilidade da sua implementação.

Apesar da retórica sobre consolidação fiscal, o orçamento continua sustentado por um modelo frágil: dos 513 mil milhões de meticais previstos, 127 mil milhões (cerca de 25%) virão de doadores e linhas de crédito. Esta dependência crónica expõe o país a riscos de financiamento em caso de mudanças na política externa de parceiros estratégicos ou na confiança internacional.

O PESOE 2025 destaca duas frentes prioritárias: o crescimento económico, com foco em sectores como agricultura, energia e turismo, e o pilar social, visando melhorias em saúde, educação e protecção social. No entanto, a realização destas metas dependerá de avanços concretos na eficiência da despesa pública, combate à corrupção e estabilidade interna — elementos que historicamente têm sido entraves ao progresso.

A Primeira-Ministra Benvinda Levi reconheceu que o país enfrentará um crescimento económico tímido de 2,9% em 2025, condicionado por factores como instabilidade política pós-eleitoral, terrorismo persistente em Cabo Delgado e impactos das alterações climáticas. Ao nível global, Moçambique continua vulnerável à volatilidade dos preços e à incerteza geopolítica internacional.

As metas para 2025 incluem manter a inflação em 7%, atrair 5,1 mil milhões de dólares em investimento estrangeiro e acumular reservas para cobrir 4,7 meses de importações. Contudo, esses objectivos parecem optimistas face à limitada capacidade institucional e à instabilidade regional.

O documento sublinha a importância da coordenação interinstitucional e da diplomacia económica, mas deixa em aberto como o governo vai resolver os bloqueios estruturais que minam a confiança dos investidores e a eficácia das políticas públicas.

O PESOE 2025 reflecte uma visão ambiciosa, mas carece de garantias práticas quanto à sua execução. A persistente dependência externa, os riscos internos mal resolvidos e as fragilidades institucionais podem comprometer os avanços anunciados. O sucesso dependerá menos das metas e mais da capacidade do governo em transformar promessas em acções concretas e mensuráveis. (Nando Mabica) 

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