O Centro de Integridade Pública (CIP) não pediu muito. Apenas o óbvio: que o povo moçambicano seja informado sobre quem saqueou e sabotou a empresa pública Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) — e que essas pessoas sejam exemplarmente responsabilizadas. O povo tem o direito de saber, de ver justiça em tempo útil, e de entender se o novo inquilino da presidência, Daniel Chapo, está mesmo comprometido com a transparência ou é apenas mais uma peça da mesma engrenagem corrupta.
Por John Kanumbo
Se queres ser líder, Chapo, estuda John Pombe Magufuli, o presidente que entre 2015 e 2021 virou Tanzânia do avesso — não esperou discursos, cerimónias ou simulações para mostrar quem era, sem prometer milagres, apenas com acção. Aliás, nem precisou de 100 dias da governação. Na primeira semana, o país todo sentiu a mão pesada do novo chefe. E não era só discurso.
O lema era simples, directo, e traduzível: “Hapa kazi tu!” — Aqui, só trabalho!
E depois, “Tuchape kasi!” — Vamos trabalhar! Onde o senhor copiou o lema.
Mas não trabalhar de boca para fora, nem reuniões em hotéis. Era trabalho visível, duro e popular. Em apenas 100 dias, Magufuli desmontou a podridão. E usou na verdade o lema por ele escolhido “TUCHAPE KAZI”. Vou listar para que se saiba, porque a história deve ser contada como é.
Primeiro acto de governo: visitou de surpresa o Hospital Muhimbili Sem aviso. Sem imprensa comprada. Apenas ele e o olhar. Viu camas estragadas, máquinas de diagnóstico abandonadas e médicos mal pagos. Demitiu gestores no acto imediatamente. Mandou consertar o que estava avariado com fundos cortados de festas e luxos ministeriais.
O dia em que Magufuli fez o aeroporto tremer. Poucos dias depois de tomar posse, Magufuli fez uma visita-surpresa ao Aeroporto Internacional Julius Nyerere, em Dar-Es-Salaam. Chegou sem aviso. Entrou nos escritórios da alfândega, da migração, e das operações de carga. Ali, encontrou campos de check-ups fantasmas: scanners avariados, funcionários bêbados, documentos extraviados. No próprio local, demitiu os directores e ordenou que os equipamentos fossem consertados em 48 horas. Quem desobedecesse, cadeia. Resultado: nunca mais se viu um funcionário do aeroporto a brincar em serviço. E hoje, LAM temos lá a lista e não consegues agir como líder? Ah isso não.
Educação: acabou com taxas escolares, construiu escolas e demitiu preguiçosos, pedófilos e corruptos. Magufuli cancelou as taxas escolares no ensino primário e secundário — os filhos dos pobres começaram a estudar de graça. E quando ouviu que havia escolas sem carteiras, mandou cortar orçamentos ministeriais de festas e comprou carteiras. Visitava escolas sem aviso e quem estivesse a falhar era demitido no acto, publicamente.
Telefonava em directo durante comícios, para directores distritais, ministros e administradores: “Fulano, onde estás agora? Já resolves-te tal problema?” Se a resposta fosse hesitante ou falsa, dizia ao microfone: “Você está demitido.” Sem comissão disciplinar, sem comissão de inquérito. Era rua.
Perseguição a sequestradores de elite. Durante anos, Dar-es-Salaam era abutre e redil dos raptadores, bandidos, sofria com sequestros de empresários, políticos e filhos de elite. Em 2015, Magufuli deu 24 horas à polícia para apresentar os sequestrados e prender os autores. Resultado: os raptos desapareceram misteriosamente até o último dia do seu mandato. Os criminosos sumiram como poeira. Hoje, em Moçambique, vendem-se ilusões de combate à criminalidade enquanto Maputo se afoga em sequestros diários — e Chapo calado.
Enfrentou empresas multinacionais e renegociou contratos exploratórios. Barricou a exportação de minério sem refino local. Enfrentou gigantes como a Acacia Mining em roubo sistemático e pondo multinacionais no chão. Magufuli derrubou todas essas empresas. Mandou bloquear todos portos. Ordenou auditorias forenses. A multa passou os 190 milhões de dólares. Reviu os contratos, impôs impostos pesados e obrigou empresas a construir fábricas de refinação no país. Em menos 3 meses a bandeira de Tanzania levantou e sorriu e até a própria bandeira do partido CCM- Chama Cha Mapinduzi, voltou a ser vangloriado e respeitado mais uma vez, depois de muitos anos em sequestros.
Em Moçambique, escondem os termos do gás da Total e ainda beijam os pés dos investidores. O novo inquilino entrou e renova os mesmos contratos e diz: “vamos trabalhar”! E aqui, as multinacionais do gás em Afungi, Rubins em Montepuez, Ouro em Manica, grafite em Balama…Étcetera Étcetera, passeiam, impõem preços, fecham acordos secretos e o governo bate palmas. E é assim eles dizem: vamos trabalhar.
Magufuli, implementou cortes significativos nas despesas do governo, incluindo a redução do número de ministérios de 30 para 19, (parece você tentou copiar, mas não deu certo, em vez de reduzir aumentamos sem perceber), proibiu viagens internacionais desnecessárias de funcionários públicos. O que quer dizer. Magufuli, baniu viagens inúteis ao estrangeiro e cortou 80% das comitivas ministeriais. Em Tanzânia, os ministros passaram a andar em carros simples. As missões diplomáticas passaram a ser por necessidade, não por turismo. Enquanto isso, os nossos ministros fazem escala em Lisboa para fazer compras com diárias inflacionadas.
Sobre a combate à corrupção sistêmica. Magufuli demitiu centenas de funcionários públicos de alto escalão envolvidos em corrupção, nepotismo, incluindo ministros e directores de agências estatais. Também identificou e removeu mais de 10.000 trabalhadores fantasmas da folha de pagamento do governo, economizando milhões de dólares para o país. Isso significa, Mandou auditar contratos públicos e caçar os ‘fantasmas’ da função pública Sem necessidade de slogan contra a corrupção, Magufuli agiu. Muitos foram demitidos em público. Outros presos. Muitos restituíram o dinheiro ao Estado. Ele dizia: “não preciso de um tribunal, preciso de resultados.” E os resultados vieram.
Foi aos bancos, reduziu custos de transação. Ordenou que todos os bancos públicos e privados reduzissem as tarifas de transações para o cidadão comum. A quem recusou, retirou licença. E abriu assim banco central onde todas às taxas das instituições do Estado devem ser depositadas no banco central. Em Moçambique, até hoje, pagamos 300 MT para transferir 5.000 MT via banco — e ninguém se mexe. E nem se fala aonde vai às nossas taxas, impostos.
Contra os festejos imbecis. Magufuli, mandou cancelar o Dia da Independência de 9 de Dezembro. Pegou o dinheiro e comprou camas hospitalares. Em Moçambique, seguem-se desfiles ridículos até acenderam a tocha e dizem que vai unir os moçambicanos, enquanto o Hospital Central de Maputo sangra de abandono. E o novo inquilino Chapo segue a mesma ladainha esta presidir à mais uma parada militar com fardas alugadas e discursos ensaiados com tocha. Magufuli disse: “não há tempo para dançar enquanto o povo morre.” O que quer dizer, proibiu confraternizações governamentais com banquetes. Ele dizia: “a comida não resolve problemas de gabinete.” Enquanto isso, em Maputo, continuam os almoços, brunchs e fóruns pagos com dinheiro do povo onde nada se decide.
Ainda Magufuli, reforçou as instituições anticorrupção. Fortaleceu o Bureau de Prevenção e Combate à Corrupção (PCCB), anteriormente considerado ineficaz, nomeando líderes comprometidos e fornecendo os recursos necessários para investigar e processar casos de corrupção de forma eficaz. Ou seja, partindo dai, nomeou tecnocratas, não camaradas. Magufuli nomeava pessoas competentes e, ao menor sinal de incompetência, eram demitidas imediatamente. Não havia padrinhos políticos. Havia mérito. Resultado: eficiência, tangíveis, humanas, justiça…As medidas de Magufuli resultaram em um aumento significativo na arrecadação de receitas do governo, com as receitas mensais aumentando de 900 bilhões para 1,5 trilhão de xelins tanzanianos. Podem consultar site: Stabroek News.
Enviava mensagens directas ao povo, em kiswahili. Falava a língua do povo, sem rodeios nem floreios. “Hapa kazi tu!” — “aqui, é só trabalho”. E era trabalho mesmo, não farsa de inaugurações, nomeações apadrinhadas sem sentido. E agora, inquilino Chapo, vais investigar ou vais apenas posar para fotografia como queira?
A sabotagem da LAM é apenas uma janela. Há dezenas de empresas públicas a saque, orçamentos desviados, concursos viciados, contratos secretos. E enquanto o povo geme, vocês dançam em auditórios com ar condicionado. Se queres ser líder de um país, Chapo, não basta discursar sobre combate à corrupção, promessas — tem de ir lá, ver, investigar, punir e reformar. Faz como Magufuli, que em cem dias já tinha feito o que presidentes não fazem em dez anos.
E se não tens coragem, sê apenas mais um burocrata do partido. Mas não uses palavras como “transparência” “vamos trabalhar”, “diálogo inclusivo”, enquanto proteges ladrões, corruptos, gananciosos, fantasmas. O povo está cansado de presidentes que não se comportam como presidentes.
A cópia sem conteúdo. Presidente Chapo e seus aliados tentam copiar os slogans de Magufuli — repetem “governar com o povo” e “trabalho, trabalho” — mas sem efeito, porque falta coragem, honestidade e vontade de sujar as mãos no terreno.
Magufuli dizia: “Tuchape kasi!” — Vamos trabalhar! Mas trabalhar de verdade. Não discursar. Não posar para fotos. Não anunciar que “vai-se criar uma comissão de investigação, diálogo inclusivo”. Se Daniel Chapo quer ser presidente de verdade e não boneco de vitrine, o caminho está claro:
- Demitir os inúteis.
- Prender os ladrões.
- Auditar contratos.
- Parar sequestros.
- Cessar paradas militares e festas de luxo.
- Falar a linguagem do povo.
- Investigar a sabotagem da LAM e expor os nomes publicamente.
Se não consegue, então pare de copiar Magufuli e fique com seus discursos ocos. Porque a verdadeira política é acção — e o povo moçambicano merece mais do que um imitador. Moçambique transformou-se num teatro político onde se recitam palavras de ordem sem conteúdo. Daniel Chapo vem copiando discursos, slogans e gestos. No seu empossamento, vimos, leu palavras que nem percebeu o peso — copiou até a estrutura retórica Venanciana, sem revisitar a origem do manifesto, sem avaliar o que cópia e onde aplica.
Olha ao seu redor, Chapo. Está rodeado de ex-presidentes, ex-primeiros ministros, ex-ministros, ex-vices, ex-primeiras-damas, ex-generais, ex-candidatos que nunca conseguiram serem eleitos dentro do partido desde 1990, ex-opositores reciclados, ex-concubinas políticas, ex-líderes religiosos, todos famintos de cargos, a disputar espaço na tua sombra. São os mesmos rostos que destruíram os sonhos da independência, os mesmos que esfaquearam Moçambique pelas costas, que venderam o país a multinacionais, e hoje se fingem conselheiros de moralidade.
Você pensas que és livre, quando já és presidente?
Na Tanzânia, repito, quando John Pombe Magufuli assumiu o poder em 2015, a primeira coisa que fez foi silenciar os ex. Os ex-presidentes calaram-se. Os ex-ministros desapareceram dos ecrãs. Os ex-generais foram proibidos de usar os galões para fazer política. Não se ouviu de ex-primeiras-damas a pedir fundações ou consultorias ao Estado. E quando o Ocidente chamou-lhe ditador, Magufuli respondeu: “Se trabalhar para o meu povo é ditadura, então que se registe: sou ditador do bem comum.”
Demitiu quem merecia demissão, caçou os sequestradores de elite de Dar-Es-Salaam em menos de 24 horas — e até hoje, o sequestro é crime condenado moralmente pela própria sociedade tanzaniana. Enquanto isso, em Moçambique, até quem participa de sequestro ganha condecoração.
O Ocidente sempre odiou líderes como Magufuli e agora odeia Ibrahim Traoré, do Burkina Faso. O motivo é claro: não aceitam ordens de Paris, Londres ou Washington. Cortam negócios obscuros, proíbem ONGs-fantasma, expulsam diplomatas imperialistas disfarçados de filantropos.
Magufuli enfrentou o FMI, renegociou contratos de mineração e petrolíferas, e os americanos rotularam-no de autoritário. Porque quem defende povo, incomoda.
Chapo, se pensas que vais copiar slogans sem efeito e ser amado por europeus e americanos, enganas-te. Quando começares a tocar nos interesses deles — e dos teus ex ao redor —, vais ver quem realmente manda no teu país.
O legado de magufuli e os ex-estadistas silenciados. Durante o governo de Magufuli: Nenhum ex-presidente da Tanzânia deu palestra política. Nenhum ex-ministro foi contratado para lobby de multinacionais. Nenhuma ex-primeira-dama criou ONG para sugar fundos públicos. Nenhum ex-comandante ousou dar opinião sobre governação. Ficaram calados. Porque ele sabia: os velhos leões, quando derrotados, devem recolher-se à sombra. Apenas pronunciam quando há necessidade.
Aqui em Moçambique, os ex querem governar pelas costas, aliás, são eles quem governam e ditam o que o novo inquilino deve fazer, dão ordens por telefone, manipulam nomeações e controlam negócios do Estado. Se não aprendes isso, vais ser apenas mais um fantoche de gente que arruinou o país.
Presidente Chapo, decide: ou magufuli ou máscara. Pois a política africana está a mudar. Ibrahim Traoré no Burkina Faso já fez mais em meses que regimes de 30 anos. Está a limpar elites podres, a nacionalizar recursos e a enfrentar França e América cara a cara. E que dizem as organizações internacionais? “Ditador.”Ditador para quem? Para os saqueadores.
Chapo, enquanto Moçambique continuar a repetir discursos copiando slogans sem coragem de acção, vai permanecer uma república de sequestros, contratos secretos e elites falidas.
Tens duas escolhas:
Ou viras Magufuli e Traoré.
Ou serás mais um ex em breve.
Contudo, se Daniel Chapo aspira a ser um líder eficaz e respeitado, deve seguir o exemplo de Magufuli: agir com determinação, implementar reformas estruturais e demonstrar um compromisso inabalável com a transparência e a integridade. Apenas através de acções concretas e corajosas será possível restaurar a confiança do povo moçambicano nas instituições públicas, fazer com que a bandeira moçambicana volte a sorrir, e da própria Frelimo volte a ser venerada e, garantir um futuro mais justo e próspero para o país.
E antes que seja tarde, investe no povo, caça os corruptos, investiga a sabotagem da LAM, para os sequestros, limpa Maputo das máfias, devolve Amani em Cabo Delgado apontando quem é o dono da guerra e deixa as ONGs estrangeiras no deserto. Se tiveres medo, fale com Putin, Traoré, ou outros líderes não submissos, ou sai já. Porque este país não precisa de atores de teatro político. Precisa de presidentes UM líder.
E aí juntos iremos dizer:
Vamos trabalhar!
vamos trabalhar!
vamos trabalhar!