Eleições na CTA: “O modelo actual não é representativo. Não é por acaso que muitos consideram a CTA como a incubadora de bandidos”, dispara Félix Machado

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 29 de Abril de 2025-Foi durante uma conferência de imprensa realizada na Segunda-feira (28.04) que o empresário e Presidente da Associação Comercial da Beira (ACB), Félix Machado defendeu que “o modelo actual de eleições na Confederação das Associações Económicas (CTA) não é representativo e é por isso que a agremiação se transformou numa incubadora de bandidos.”

“Tudo pode começar com federações ou confederações, tanto faz e estas vão ser membros da CTA, aí teremos o País representado na CTA. O modelo actual não é representativo. Não é por acaso que muitos consideram a CTA como a incubadora de bandidos. Porque há um cartel que quer controlar aquilo e não deve ser assim. Tendo em conta isso, também se deliberou que a ACB não vai participar nestas eleições, nem como candidato e nem para apoiar algum candidato que apareça aí e nem votar, vai-se distanciar totalmente deste processo eleitoral, porque não é justo, não é correcto e é vergonhoso”, disparou Félix Machado.

“Ainda ficamos tristes ver empresários que ainda apoia este processo, mas OK é modus operandi. Alguns se identificam com este modelo e acham correcto, mas a ACB não se identifica com este modelo eleitoral e esperamos que todos os empresários e outras associações parem com isso. Se estas eleições forem adiante, ACB não vai votar”, disse Machado.

Félix Machado criticou a questão das cartas de suporte solicitadas antecipadamente. O empresário entende que isto faria sentido se fosse para os membros que poderão compor a lista directiva e não para concorrer, o que acaba facilitando que haja compra de consciência.

“Obrigar que todo o membro que compõe uma lista traga uma deliberação é errado, é por isso que há pagamentos de quotas. É por isso, os que têm dinheiro começaram a pagar as quotas das associações para regularizar e para ganhar esta carta, o que significa que já é um voto antecipado, vamos ir votar por que, se há candidatos que já tem 100 cartas e há candidatos que têm 80 cartas, estamos indo votar o quê se já sabemos que aquele tem 80 cartas ou 100 cartas de suporte”, questionou Machado.

O empresário entende que as eleições já foram feitas com dinheiro. “A única coisa que pode acontecer é do 80 pagar a mais os 20 daquele que tem 100 cartas de suporte, para fugirem na hora de votar. É haver traição na hora de votar, o que significa haver de verificar-se mais dinheiro a circular quase nos últimos antes das eleições, isto não é o modelo correcto. Podem ter cartas apenas os membros que compõem a lista e o resto é livre de votar. Por exemplo, vão começar na época de campanha na CTA e vão fazer cartas para quem, se já têm carta de suporte, não faz sentido.”

Machado defende um modelo eleitoral limpo e que se focasse exclusivamente na eleição do Presidente e este por sua vez organizava a sua equipa.

O empresário entende que a razão da intensa luta pelo poder na CTA é para estar próximo do Presidente da República e no centro das decisões, além disso, os que lutam procuram buscar oportunidades para si e não para os empresários, para fazer lobbies. Para poder gerir os fundos da USAID e ter salários astronómicos.

“CTA é uma amostra daquilo que o País real é. Aquela instituição é do sector privado, mas está sendo usada para outros objectivos. Não existe nenhuma actividade que já alavancar o sector privado em Moçambique, eu não vejo. Nunca a CTA ajudou-nos em nada, todas as leis foram criadas na Beira, muita das leis e reformas foram criadas a partir da cidade da Beira, a partir da ACB, devido à nossa verticalidade em ver o sector privado a crescer”, revelou Machado.

Machado acha que o Governo deveria dizer basta e suspender por algum tempo para poder corrigir estas situações. “Qualquer que for a ser eleito como Presidente agora não terá legitimidade e nós como ACB dizemos para quem entrar num processo já viciado? Vamos lutar para a realização de uma assembleia-geral extraordinária e se não se avançar vamos marcar uma assembleia provincial e depois regional, esperamos que os empresários do Norte também façam o mesmo e daqui há anos, vamos ter uma verdadeira eleição na CTA”, defendeu Félix Machado.

Refira-se que se vivem dias tensos na CTA, com a exclusão da candidatura de Álvaro Massingue, da Câmara de Comércio de Moçambique (CCM), mesmo com decisões do Tribunal para aceitação da candidatura deste. Neste momento apenas duas candidaturas foram submetidas, nomeadamente de Lineu Candeeiro, da Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE) e de Maria Assunção Abdula. As eleições estão marcadas para o dia 14 de Maio próximo, mas antes, a CTA e a CCM serão ouvidas pela 5ª Secção Cível do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM). (O.O.)

 

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