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Home Integrity Reflexões O caldeirão do escriba

Yves Valentim Mudimbe (1941-2025): o Filósofo da Decolonialidade Africana

“Às ideias não morrem com os corpos” Mudimbe

23 de Abril, 2025
em O caldeirão do escriba
Reading Time: 5 mins read
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Yves Valentim Mudimbe (1941-2025): o Filósofo da Decolonialidade Africana
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Sinto muito a partida do Dr. Yves Valentim Mudimbe, um dos maiores filósofos africanos da contemporaneidade. Congolês, autor de grandes obras como A Invenção da África e A Ideia de África, onde ele nos faz pensar sobre Colonialismo, Política, Poder, Saber e Alternidade. Perdemos mais do que um homem. Perdemos uma biblioteca viva. Mas, como se diz, o homem morre, e as ideias ficam.

Quero aqui partilhar uma coisa: eu mesmo não conhecia profundamente Dr. Mudimbe. Foi lá nos tempos da faculdade, nas aulas de Filosofia Africana, que o nome de Yves Valentim Mudimbe apareceu pela primeira vez. Quem falava dele com tanta paixão era o nosso professor, o Mano Quizito — assim o chamávamos com respeito e carinho. Ele sempre nos desafiava a ir além dos autores consagrados do Ocidente. Insistia: “Leiam os nossos, conheçam os nossos pensadores!”. E na lista sempre vinha esse nome: Mudimbe. Na altura, confesso, nunca li nenhuma obra dele. Estava mais focado em terminar os trabalhos e acompanhar o ritmo dos semestres. Mas esse nome ficou. Ficou como uma semente que o tempo haveria de fazer brotar.

Foi só mais tarde, quando comecei a escrever a minha monografia — e decidi abordar a questão da descolonização do pensamento africano, das manifestações do Estado necropolítico contemporâneo — que os nomes dos gigantes africanos voltaram a cruzar o meu caminho. Lá estavam Achille Mbembe, Frantz Fanon, Paulin Hountondji, Ngũgĩ wa Thiong’o… e novamente, Yves Mudimbe.

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Os livros são raros, difíceis de encontrar, mas dei jeito de acessar e comecei a ler. E é impressionante como ele conversa com as nossas angústias, com as nossas perguntas. Como ele desmascara o saber eurocêntrico que sempre tentou definir África pelo olhar do outro. E o impacto foi imenso. Foi como se ele estivesse ali o tempo todo, à minha espera. Mudimbe escreve com uma lucidez rara. Ele não só denuncia a forma como o Ocidente “inventou” a África, como nos convida a descolonizar o próprio modo como pensamos o que é ser africano.

Quero partilhar aqui um pouco das ideias desses dois livros que me marcaram profundamente:

  1. A Invenção da África (1988)

Nesse livro seminal, Mudimbe questiona profundamente os modos pelos quais a África foi representada, categorizada e epistemologicamente “inventada” pela antropologia, filosofia e literatura ocidentais. Ele denuncia como o conhecimento sobre o continente foi construído a partir de olhares externos, quase sempre coloniais, que reduziram a diversidade africana a um “outro” a ser dominado, classificado e justificado dentro das narrativas imperialistas.

Ou seja, Mudimbe mostra que o que conhecemos como “África” foi, durante muito tempo, uma construção do olhar europeu. Um olhar que reduziu o continente a um espaço de diferença radical, sem filosofia, sem história, sem pensamento “válido”. Não se tratava apenas de dominar territórios, mas de definir o africano como irracional, preso à tradição e sem filosofia própria. Ele denuncia como o Ocidente construiu a ideia de África para justificar sua dominação.

Mudimbe utiliza a noção de “alternidade” para mostrar que a África foi sistematicamente posta como um objeto epistemológico passivo, impedida de ser sujeito produtor de conhecimento sobre si. Ele convoca os pensadores africanos a resgatarem os paradigmas, cosmologias e linguagens próprias do continente para reconstruir-se como espaço legítimo de saber e potência crítica. E chama os africanos a pensarem-se e escreverem-se a partir de si mesmos. Ele analisa como a antropologia, a história e até mesmo as teologias ajudaram a manter esse mito vivo.

Mas Mudimbe não fica apenas na crítica — ele propõe uma virada: pensar África a partir de África, reconstruir nossos paradigmas de saber, e colocar o pensamento africano no centro do debate epistemológico mundial.

O livro é um manifesto contra o universalismo arrogante do saber filosófico ocidental e um chamado para que a filosofia africana ocupe seu espaço não como apêndice, mas como centro articulador de novas epistemologias.

  1. A Ideia de África

Neste livro, A Ideia de África (1994) destaca-se como uma continuidade crítica e refinada de seu trabalho em A Invenção da África, aprofundando as reflexões sobre o lugar de África na produção de conhecimento e na construção simbólica do mundo. Mudimbe, aprofunda a reflexão. Mostra que “África” não é apenas um espaço geográfico, África virou conceito, sempre manipulado e definido de fora para dentro ou seja, África é uma ideia fabricada e usada politicamente. A “ideia de África” foi útil para justificar a colonização, o racismo e a exploração. Um conceito que serviu para inferiorizar, exaltar o exótico e negar a capacidade crítica africana. Mudimbe parte da análise dos discursos coloniais e das narrativas ocidentais sobre o continente para mostrar como a África foi moldada como o “outro absoluto”, a alteridade radical que serviria para confirmar a superioridade do Ocidente.

Um ponto fundamental que Mudimbe destaca é o modo como o saber produzido sobre África sempre esteve a serviço da legitimação da presença ocidental no continente. Dos relatos missionários às teses antropológicas, das obras de filósofos europeus às políticas coloniais, havia sempre a tentativa de definir o africano como alguém preso ao mito, à magia e à oralidade, sem capacidade racional e sem filosofia própria. Mudimbe propõe então uma descolonização epistemológica, convocando os intelectuais africanos a questionarem os alicerces desse saber herdado e a reconstruírem seus próprios paradigmas de leitura e interpretação do mundo.

Ele questiona: quem tem o poder de dizer o que é África? Quem constrói esse imaginário? Mudimbe propõe então a descolonização do pensamento, a libertação das ideias africanas e o resgate dos saberes ancestrais. Mudimbe nos empurra para frente: nos desafia a desconstruir essas imagens coloniais e construir um novo imaginário africano — plural, profundo e livre.

A Ideia de África torna-se ainda mais indispensável. Não apenas como obra acadêmica, mas como manifesto político e existencial para todos os que se recusam a aceitar uma África definida por lentes alheias. O livro desafia as academias, desorienta os epistemólogos coloniais e entrega aos africanos a tarefa — e o direito — de pensarem-se e nomearem-se a partir de seus próprios referenciais.

Lendo esses livros, entendi que muito do que achamos “natural” sobre África é construção colonial. E percebi a importância de colocar nossos próprios filósofos para pensar nossas realidades, problemas e soluções.

Hoje, com a morte do professor Mudimbe, sinto como se tivéssemos perdido uma biblioteca viva. Um celeiro de pensamento que agora repousa no plano ancestral. Mas também sinto que, ao ler e partilhar suas ideias, ele nunca nos deixará por completo. Foi tarde que o conheci, mas cedo o suficiente para que mudasse meu modo de pensar e escrever. Que sua memória inspire gerações. Que nossas universidades se encham de Mudimbes, Mbembes, Hountondjis… Que a filosofia africana ocupe o lugar que sempre lhe foi negado.

Se puder, leiam A Invenção da África e A Ideia de África. Leiam Mudimbe, leiam Mbembe, Hountondji, Fanon. Porque a descolonização não se faz só nas armas, faz-se também na mente.

Perdemos um celeiro do pensar de África. Mas como dizia Mudimbe, “as ideias não morrem com os corpos.” O homem regressa ao plano dos ancestrais, mas suas palavras permanecem como armamento intelectual para as futuras gerações de africanos que ousarão pensar-se desde si mesmos. (John Kanumbo)

Tags: AfricanaDecolonialidadeMudimbe
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