Quem é aquele?
Questionava uma mulher que a passos largos caminhava em direcção àquela torre para testemunhar, os acréscimos dos tantos metros que o Makhodhamo apresentava no início da tarde de sacramento.
Era um jovem, de altura média, magrinho, que por iniciativa própria decidiu escalar a torre, aliás calcula-se que deve ter chupado uma dose de suplementos psicoactivos, dada a motivação que apresentava no cimo onde o frio e a chuva batia sem precedentes e para quem estava em terra firme não via a hora de se acasalar a uma caldeira.
É mano Dau!
Exclamou de tanta preocupação uma rapariga de corpo esbelto, anunciando a familiaridade entre o jovem exposto no topo da torre e os moradores do conhecido bairro Makhodhamo.
Às vezes quando bebe não bate bem de cabeça! Sussurrou a moça com um tom de voz baixo, receando que alguém ligado ao Dau estivesse próximo e a ouvir aquela explanação, evitando assim “milandos” futuros.
Enquanto as pessoas miravam e procuravam encontrar uma saída para descarregar sem danos, o Dau do cimo do Khodhamo, o próprio lá do topo ia fazendo um mega espectáculo sob olhar preocupado da Vovô Amélia, a mãe que sentia um calafrio enquanto assistia um dos génitos na zona de morte.
Dizem que o frio atrofia os músculos, mas o caso do jovem Dau era o contrário, aquele frio misturado com algumas substâncias comoveram ao jovem a se fazer entre a vida e morte.
Dau lá em cima, descamisado, com apenas uma – bóxer, ia rodando pelo poste de um lado ao outro, baloiçava pelas cantoneiras, fazia street pizzi, um autêntico show.
Cá de baixo estava o Mono Zé, de um Android em mãos ia fazendo filmagens daquele cenário inusitado, aliás porque não tinha mais nada que fazer naquela situação, filmar foi a melhor via solidária encontrada pelo Zé para a posterior retratar e servir de inspiração para que futuramente jovens como Dau escalem já usando HST (Higiene segurança no trabalho), no dia que decidirem subir uma torre de género.
Enquanto mano Zé filmava e vovô, Amélia delirava, Dau continuava com o espectáculo por longas horas até que decidiu tocar em um cabo em tensão.
Um estrondo acompanhado de faísca sentiu-se pelo Makhodhamo de lés a lés e era o jovem Dau que por impulso foi projectado por gravidade para terra abaixo caindo inerte sem todos os sentidos que o forçavam ao barato espectáculo em plena sexta santa.
Preocupação para todos os espectadores.
Ainda está vivo! Disse um especialista em primeiros socorros que estava no local.
Então vamos levá-lo para o hospital. Sugeriam os moradores e alguns transeuntes que circundavam o corpo do jovem que ainda apresentava fôlego apesar da projeção ser muito violenta e com mais de 20 metros de altura.
Enquanto Dau era levado para uma unidade sanitária, seus parentes que testemunharam o cenário choravam aos prantos e inconsoláveis.
Uma ambulância foi improvisada, Dau estava a caminho dos primeiros socorros, no entanto o mano Zé juntou todos que assistiram o espetáculo para os mostrar em segunda mão o que ele havia captado da loucura toda.
Será que desta forma, Dau voltará vivo!?
Era pergunta que pairava no seio dos moradores da zona Makhodhamo bairro 25 de Setembro na cidade de Chimoio numa sexta-feira santa que nos próximos dias será para esquecer. (Pedro Tawanda)