As consequências do conflito são especialmente duras para os mais vulneráveis. O número de crianças que dependem de ajuda humanitária dobrou, chegando a 15 milhões. Cerca de 90% dos estudantes abandonaram a escola, ficando sem acesso à educação e à protecção oferecida pelo ambiente escolar. A violência sexual também disparou, atingindo mais de 12 milhões de mulheres e meninas, reflexo da ausência de segurança e da fragilidade dos serviços de apoio.
Mesmo com a esperança de retomada da capital, os civis continuam presos em um ciclo de medo, fome e deslocamento forçado. SAF e RSF mantêm o foco em seus interesses políticos e económicos, afastando qualquer perspectiva de cessar-fogo duradouro e prolonga ainda mais o sofrimento da população.
Organizações humanitárias seguem actuando, apesar dos inúmeros desafios, tentando levar assistência às comunidades mais afectadas. Quem deseja ajudar pode buscar formas de contribuir por meio de doações ou acompanhando informações actualizadas por fontes confiáveis.
O conflito actual no Sudão começou em 15 de Abril de 2023, quando eclodiram os confrontos entre duas forças militares rivais:
Forças Armadas do Sudão (SAF), lideradas pelo general Abdel Fattah al-Burhan;
Forças de Apoio Rápido (RSF), uma milícia chefiada por Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como “Hemetti”.
Luta pelo poder: Após a queda do ditador Omar al-Bashir em 2019, havia a expectativa de transição democrática. No entanto, o golpe militar de 2021 intensificou a rivalidade entre SAF e RSF.
Integração das RSF ao exército: A proposta de unificar a RSF às forças armadas gerou tensões, especialmente por parte de Hemetti, que teme perder poder e influência.
Disputa por recursos naturais: A RSF controla áreas ricas em ouro, intensificando a luta por domínio econômico e territorial.
Conflitos étnicos e regionais persistentes, como os de Darfur.
Tensões históricas entre o Norte árabe-islâmico e o Sul cristão/animista, que culminaram na independência do Sudão do Sul em 2011.
Golpes de Estado recorrentes e governos autoritários.
Desigualdade no acesso a recursos, infraestrutura e serviços básicos, essas são as principais causas do conflito armado naquele país africano. (Nando Mabica)