Kuzvipira sempre estava pronto, tumultos no bairro Nhamaonha, Kuzvipira estava lá, no mercado 38 estava lá, no bairro 7 de Abril o encontravam lá, sempre empenhado para repelir a rebelião mesmo sabendo que usava as formas mais letais para reprimir a multidão em fúria.
Por: Pedro Tawanda
De tanta entrega num dia desses durante o pico das manifestações, Kuzvipira montou o seu posto de repreensão numa das frondosas sombras de uma mangueira, logo à entrada do mercado 38, o maior centro de comércio informal ao nível da cidade de Chimoio, onde com um cassetete em mãos, ia fazendo casting a todo aquele que por aí passava.
Sucede que durante a patrulha, por aí ia passando uma cidadã residente no bairro Francisco Manyanga, que só para chegar àquele ponto teve que inventar várias passagens ou interligar vários bairros para encontrar uma passagem mais tranquila para chegar a casa já que nenhum meio de transporte funcionava.
A cidadã é daquelas que é protegida pelos espíritos dos seus antepassados, como tantas outras que para quem já viveu por longos anos, pelas bandas Maniquenses pode testemunhar, há muita mulher em Manica, com protecção ancestral e que se dá mal quem ousar mexer com ela.
Kuzvipira, longe dele saber que já tinha encontrado um problema para resolver pós-manifestações, ameaçou a senhorita e com uma cacetada, escarafunchar os ancestrais que vivem na carne da senhora que não tardaram em reagir.
A senhora caiu inerte e os espíritos começaram a manifestar. “heeei! Iwe! Wandhirowa! ndakutadzira tchiii!!?(Chamboqueasta-me por quê?), utchandiripa! (Vais me pagar).
Kuzvipira ficou em parampas perante a situação e foi graças a um velho agente que acompanhava a patrulha que o homem e os espíritos que protegem a senhora tiveram uma momentânea e aparenta paz ao ponto de a filha dos espíritos voltar em si e continuar a viagem para casa.
Paz para a senhora protegida e assombração para o agente Kuzvipira que após uma relativa acalmia, no capítulo das manifestações, os espíritos Shonas foram cobrar à sua família o troco da cacetada que dera a senhora protegida naquela frondosa sombra durante aquele animado trabalho.
Em casa do agente Kuzvipira, não havia paz quase se não todos os filhos viviam manifestando espiritualmente, e quando tentou fazer jogos dos bastidores, eis que os “Ngangas” (médicos tradicionais) aconselhavam no a procurar a senhora protegida para pedir desculpas e saber quais as condições para acabar com o problema criando durante aquele período tenso em cada um fazia o seu trabalho sem medir as futuras consequências.
Feito um desorientado, o agente Kuzvipira andou pelos becos em algures no bairro Francisco Manyanga a procura da senhora para um acordo de cavalheiros e mal que a encontrou, zás, um dos familiares caiu manifestando e instruindo ao agente que teria que pagar uma multa pela infracção, e que os pagamentos seriam feitos no Zimbabué onde os ancestrais da senhora são originários e os montantes lá serão anunciados.
Agora o agente Kuzvipira, junta Bonds para ir à terra dos mashonalands, pagar uma multa pela valentia durante o tempo das manifestações ocorridas a bem pouco tempo no país. Assim como, a economia foi afectada pelas manifestações, a família do agente Kuzvipira vive também mal bocados pelo trabalho feito durante as manifestações.