Pergunto-me, com inquietação genuína: por que razão um antigo Chefe de Estado escolheu fixar residência numa zona (embora não) declarada oficialmente como de conflito armado? Será ironia? Será desafio? Ou será simplesmente a maior das confissões natas não ditas de que a tão falada guerra em Cabo Delgado é um teatro, uma farsa encenada com sangue real e lágrimas autênticas de um povo abandonado? Ou porque como se diz retornou à casa a fim de sentir de perto? Ou preservar e monitorar de perto e bem os seus interesses de jazigos naturais?
Por John Kanumbo
Essas perguntas incomoda na minha mente como um trovão abafado. Não encontro resposta. Não há lógica militar, prudência civil ou inteligência estratégica que justifique tal decisão — a menos que estejamos diante de uma realidade encoberta: não há guerra nenhuma.
A forças dessas perguntas reside na sua simplicidade. Onde há guerra verdadeira, ninguém se instala. Onde há perigo real, os líderes fogem. Mas em Cabo Delgado — outrora anunciado como o epicentro do terrorismo islâmico, do jihadismo brutal, de degolações e ataques bárbaros — o ex-Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, encontra repouso, segurança e estabilidade. Que tipo de guerra é essa, que poupa estrategicamente o território onde reside o mais alto dirigente da era da violência em Cabo Delgado?
Como natural de Mocímboa da Praia, falo sem temor, nem reverência. Cresci no meio dos tambores da minha terra, vi igrejas queimadas, casas destruídas e mesquitas invadidas por pregadores radicais. Presenciei a chegada do terror. Mas também testemunhei o encobrimento. A guerra que ali se declara não é contra o terrorismo — é contra o povo. O que ocorre em Cabo Delgado é um massacre sistemático, institucionalizado, geopoliticamente patrocinado e economicamente programado.
Cabo Delgado está a ser assassinado. Aldeias são saqueadas. Corpos de inocentes apodrecem ao sol como lixo. Mulheres são raptadas e escravizadas. Homens são mortos à catanada ou queimados vivos. Os terroristas têm nomes, fardas, helicópteros, drones e satélites. Mais grave ainda: têm protecção do silêncio.
Moçambique assiste, em silêncio cúmplice. Não há desenvolvimento porque o sangue do povo justifica operações estrangeiras, exploração desenfreada de recursos naturais e agendas políticas ocultas. A cada ataque televisivo, uma nova concessão é assinada com uma multinacional. Gás, rubis, madeira, diamantes, ouro — todos fluem. O povo, apenas sangra.
O antigo presidente vive na província tida como epicentro do conflito. Mas curiosamente, onde ele reside, não há ataques. Os insurgentes evitam a sua zona. Isso reabre a pergunta essencial: afinal, quem está a guerrear com quem em Cabo Delgado?
Ao deixar o Palácio da Ponta Vermelha, Nyusi aparece com uma segurança nunca antes vista. Militares bem treinados, com equipamentos superiores aos das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Soldados encapuzados, possivelmente ruandeses ou mercenários estrangeiros, pagos para proteger interesses alheios ao povo moçambicano. O Estado não esclarece. O novo governo finge normalidade. Se nem o ex-presidente confia na proteção estatal, quem protege o povo de Mocímboa, Mbau, Awasse, Nangade, Chitunda, Macomia?
A guerra tornou-se um negócio. O discurso oficial oculta, nega e manipula. Jornalistas que tentaram denunciar desapareceram. O antigo porta-voz das FDS, Cristóvão Chume, agora Ministro da Defesa, ainda não ofereceu explicações concretas. Nyusi, com tom triunfalista, declarou o fim do terrorismo — para, logo depois, instalar-se no “centro” do conflito.
Missão cumprida. Mas para quem?
Enquanto Mocímboa, Quissanga, Meluco, Nangade e Macomia ardem; enquanto corpos são enterrados em valas comuns e crianças crescem sem escolas; o novo governo prefere redistribuir cargos do que aliviar a dor da província mártir.
Dói o silêncio.
O silêncio dos media.
O silêncio das Nações Unidas.
O silêncio dos dirigentes.
O silêncio das vítimas.
O silêncio dos Makondes — outrora orgulhosos, agora calados porque o seu filho perdeu o poder.
O silêncio de um país diante do seu próprio genocídio.
Cabo Delgado está a ser vendido ao silêncio. A guerra é, na verdade, um projecto de despossessão. A terra está a ser esvaziada para ceder espaço ao gás, aos rubis, aos portos e às multinacionais. Quem resiste, é eliminado. Quem denuncia, perseguido. Quem se cala, promovido. França assina. A União Europeia financia. A Frelimo concorda. Kagame executa. E o povo morre.
As FDS foram neutralizadas. Tropas estrangeiras mandam. Ruandeses circulam com autoridade total. Chamam-lhes “ajuda internacional”, mas ninguém conhece os termos dos acordos. O povo não vê terroristas — vê as suas casas a arder e os filhos a morrer.
Cabo Delgado tornou-se um laboratório de terror. E o governo pouco faz. Porque talvez, o objectivo nunca foi acabar com o conflito. Sempre foi lucrar com ele.
Se os nossos governantes tivessem certeza da sua mortalidade, talvez não tratassem os outros como descartáveis. Não estamos perante uma guerra religiosa — mas sim uma nova colonização disfarçada.
Cada ataque gera mais promessas de ajuda. Mais contratos com petrolíferas, mineradoras, construtoras. O povo, esse, enterra os seus mortos e foge, esquecido e faminto.
E Maputo cala-se.
Porque se um dia se descobrir diamantes na capital, também os da cidade serão massacrados.
A verdade nunca teve lugar desde 1975. A Frelimo, que prometeu liberdade, preferiu o poder. Prometeu futuro, hipotecou o país ao passado.
O que nos resta é a denúncia. Palavra nua, escrita como grito.
Enquanto muitos se escondem nas análises internacionais, nós, os de dentro, falamos. Não há guerra. Há um plano. Um plano de sangue, lucro e silêncio. Quem contrariá-lo será taxado de traidor. Ou eliminado.
No dia em que o governo falar verdade, os leões deixarão de caçar, os abutres pedirão perdão, e as hienas converter-se-ão ao vegetarianismo. Mas enquanto esse dia não chega, é nosso dever gritar.
A palavra é a trincheira dos justos.
Porque o povo não esquece.
E um dia, mesmo sem armas, o povo vai levantar-se.
A história dirá quem foram os carniceiros. E quem foram os mártires.
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