Mia Couto será premiado em Maio no “Óscar dos Livros nos EUA” por sua obra completa

A PEN America homenageará três escritores por suas conquistas na carreira: o autor moçambicano Mia Couto receberá o Prémio PEN/Nabokov de Realização em Literatura Internacional; a dramaturga libanesa-americana Mona Mansour será homenageada com o Prêmio PEN/Laura Pels da Fundação Internacional para o Teatro, e Charles H. Rowell, fundador da Callaloo, um periódico que celebra escritores e artistas visuais de ascendência africana em todo o mundo, o Prémio PEN/Nora Magid de Edição de Revista.

Na cerimónia, a PEN América conferirá o Prémio PEN/Nabokov de Realização em Literatura Internacional ao eminente autor moçambicano Mia Couto por sua obra completa. Couto é aclamado por romances como Sleepwalking Land (1992), Confession of the Lioness (2012) e, mais recentemente, a trilogia Sands of the Emperor (2015, 2016 e 2018), que foi pré-selecionada para o Prêmio Internacional Booker em 2015.

O júri da PEN/Nabokov o destacou por investigar a história conturbada de sua terra natal, “bem como os enigmas essenciais da identidade e da existência”. Couto, que escreve em português, ocupou “um lugar singular no panorama da literatura africana e mundial”, escreveram os jurados.

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Apresentando leituras dramáticas e as palavras inesquecíveis de autores, celebradas no palco por seus pares, o PEN America Literary Awards de 2025 acontecerá no The Town Hall, no centro de Manhattan. A cerimônia contará com a participação do artista da Broadway J. Harrison Ghee, vencedor do Tony e do Grammy, com direção musical de Ulysses Owens Jr., baterista três vezes vencedor do Grammy.

O Prémio Literário de 2025 concederá um prémio total de quase US$ 350.000 a escritores e tradutores escolhidos por obras dinâmicas e instigantes de excelência literária por júris de autores, editores, críticos e tradutores notáveis ​​e premiados. As categorias dos prêmios incluem romance, não ficção, coletânea de contos, poesia, escrita científica, ensaio, biografia e tradução.

Clarisse Rosaz Shariyf, co-directora executiva interina da PEN America e chefe de programação literária, afirmou: “Livros extraordinários mudam nossas vidas, nos compelindo a ver o mundo por uma lente nova, muitas vezes impressionante. À medida que os livros sofrem censura severa em todo o país, estamos entusiasmados em celebrar a liberdade que eles representam, juntamente com seu poder de despertar compaixão pelos outros e nos levar a agir com o coração em tempos difíceis. Esses escritores excepcionais, as histórias que contam e as ideias que exploram, constroem empatia e compreensão — extremamente necessárias hoje — e trazem a esperança de que esses valores regerão nosso pensamento.”

Tamron Hall disse: “Uma escrita brilhante nos guia e inspira e deve ser nossa estrela-guia, ou nos encontraremos emocional e mentalmente subnutridos. É uma honra para mim participar da PEN America como anfitriã deste evento maravilhoso para apoiar e elogiar os escritores destes belos e importantes livros premiados do ano passado. A liberdade de escrever sem medo deve ser protegida. É uma honra para mim desempenhar um papel não apenas em uma noite como esta, mas em um movimento que impacta as gerações futuras.”

Os finalistas de prêmios literários incluem escritores brilhantes que trabalham na vanguarda de ideias e estilos em ficção e não ficção contemporâneas.

Entre os finalistas estão:

Timothy Snyder, o aclamado historiador e intelectual público, foi selecionado pelos jurados para o Prêmio Literário PEN/Jean Stein por ” On Freedom”, um best-seller do New York Times. Snyder examina nosso grande compromisso americano com a liberdade, ao mesmo tempo em que argumenta que perdemos de vista o que ela significa, o que está nos levando à crise. Snyder foi chamado de “o principal intérprete de nossos tempos sombrios”, com suas palavras citadas em protestos políticos em todo o mundo e seus numerosos livros inspirando filmes, esculturas, uma música punk rock, uma música rap, uma peça e uma ópera. O Prémio Stein reconhece um livro em qualquer gênero que tenha inovado e sinalizado forte potencial para influência duradoura.

Venita Blackburn foi indicada em duas categorias por seu romance de estreia, Dead in Long Beach, Califórnia. Ela é finalista do PEN/Jean Stein Book Award e do PEN/Hemingway Award de Romance de Estreia. Blackburn é conhecida pela eloquente brevidade em duas aclamadas coletâneas de contos que exploram personagens lidando com as consequências do abandono, do desejo não correspondido e de crimes mal concebidos. Ela descreveu Dead in Long Beach como “o duro estalo do desastre em uma família — e a falta de respostas”. O Prêmio PEN/Hemingway, por mais de 45 anos, sinalizou a chegada de novos talentos excepcionais, com homenageados anteriores incluindo Jhumpa Lahiri, Ha Jin e Patricia Engel.

A historiadora Kali Nicole Gross está entre as finalistas do Prêmio Livro Aberto, que reconhece uma obra excepcional de qualquer gênero literário por uma autora negra, por ” Vingança Feminista: O Poder da Fúria das Mulheres Negras em Tempos Sem Lei” . O livro examina mulheres negras ao longo da história que lutaram, nem sempre com nobreza. Ela ilumina as histórias de mulheres que lutaram por justiça e dignidade, desde as “ladras texugos” do século XIX, ^que roubavam homens nas ruas da Filadélfia, até as vítimas de violência doméstica que defendiam sua honra. Gross, que faz parte do corpo docente da Universidade Emory, é coautora de ” Uma História das Mulheres Negras dos Estados Unidos” .

Na mesma categoria, James B. Haile III é finalista por The Dark Delight of Being Strange: Black Stories of Freedom , uma obra experimental que combina elementos de ficção especulativa negra, afro-surrealismo, filosofia negra e estudos negros para refletir sobre o significado e as implicações da liberdade negra. O professor de filosofia disse à Columbia University Press que seu livro começou com um devaneio no ensino médio, que provocou duas perguntas: “E se o que pensamos sobre o passado estiver totalmente errado?” e ​​”Se estiver tudo errado, o que é necessário para corrigir nossas visões equivocadas?”. Seu livro investiga as respostas óbvias, disse ele: “…precisamos contar novas histórias, histórias reais que a princípio parecerão impossíveis e estranhas… até que se tornem comuns e cotidianas.”

A historiadora Ana Raquel Minian é finalista do Prêmio PEN/John Kenneth Galbraith de Não Ficção, selecionada por seu livro aclamado pela crítica, ” Na Sombra da Liberdade: A História Invisível da Detenção de Imigrantes nos Estados Unidos”. A narrativa é vasta em alcance histórico, desde os anos de exclusão chinesa até o Holocausto, o êxodo de Mariel e a política de separação de famílias de Donald Trump em seu primeiro mandato. O livro conta a história trágica e oportuna do tratamento frequentemente brutal dado pelos Estados Unidos aos estrangeiros, incluindo a prisão sem acusação formal.

O historiador, colunista e analista de política externa Max Boot , em “Reagan: His Life and Legend” (Reagan: Sua Vida e Lenda) , conta a história do 40º ^presidente desde sua ascensão às raízes do New Deal para se tornar um provocador comunista e um assobiador racista, antes de assumir o papel de estadista otimista e veterano. Boot cresceu idolatrando Reagan, mas após uma década de pesquisas e entrevistas, questionou-se se seu herói havia aberto caminho para Donald Trump, o que o levou a abandonar a direita. O livro foi indicado ao Prêmio PEN/Jacqueline Bograd Weld de Biografia.

A poetisa Jenny George é finalista do Prêmio PEN/Voelcker de Poesia por dois volumes —  After Image e The Dream of Reason . After Image é sua segunda coletânea e foca na morte de seu parceiro de longa data, levantando questões profundas sobre a vida e a morte. George trabalha com filantropia voltada para a justiça social e mora em Santa Fé, Novo México.

Mona Mansour receberá o Prêmio PEN/Laura Pels International Foundation for Theater, que reconhece uma dramaturga americana em meio de carreira com uma voz excepcional. Tendo iniciado sua carreira quando se mudou para Nova York após o 11 de setembro, ela recebeu elogios da crítica e inúmeros prêmios por peças que buscaram mudar a narrativa em torno de árabes e árabe-americanos. Em uma resenha do New York Times Critic’s Pick de sua Trilogia Vagrant no Public Theater em 2022, Laura Collins-Hughes escreveu: ” Entrelaçada com poesia e política, entrelaçada com comédia, é stoppardiana em seu intelectualismo e não se esquiva da pungência. ” O júri do PEN/Laura Pels a homenageia por “aprofundar a gama de histórias vistas nos palcos dos EUA”, elogiando sua “escrita rigorosa e compassiva, personagens complexos e cheios de nuances, [e] composição estrutural engenhosa”.

Dr. Charles H. Rowell receberá o Prêmio PEN/Nora Magid de US$ 2.500 para Edição de Revista pela Callaloo, que ele fundou em 1976 na Southern University em Baton Rouge, LA. Com sua ênfase em estudos críticos de artes e humanidades, bem como escrita criativa, a Callaloo emergiu como o periódico mais essencial e continuamente publicado de Estudos Afro-Americanos e da Diáspora Africana em todo o mundo. Os próprios poemas, entrevistas e artigos académicos de Rowell apareceram em uma variedade de periódicos, incluindo The Southern Review e Agni. Com Bruce Morrow, ele foi o coeditor de Shade: An Anthology of Fiction by Gay Men of African Descent (1996) e lembrando o génio de Robert Hayden, Rowell editou Angles of Ascent: A Norton Anthology of African American Poetry (2012). Rowell é natural do Alabama, onde seus pais, como ele orgulhosamente observa, “assim como as duas gerações que os precederam, eram agricultores autossuficientes e proprietários de terras”.