A PAZ ESTÁ NO NOSSO ADN?

De facto, como explicou de seguida, o número de acordos assinados entre os moçambicanos comprova que a Paz faz parte do nosso ADN. E significa que “estamos sempre prontos para dialogar”.

Escrito por: René Moutinho, M.Sc. – [email protected]

RelatedPosts

Informe da PGR revela avanços tímidos e desafios persistentes

29 de Abril, 2025

TEATRO DE 100 DIAS DA GOVERNAÇÃO DOS NHONGUISTAS

29 de Abril, 2025

Os pronunciamentos de Moda juntam-se a várias outras concepções de respeitadas figuras de proa da arena nacional (e não só), como a Mamã Graça Machel e o antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, que destacam a “natureza pacífica” do povo moçambicano e o seu traço dialogante. São essas características que levam a sociedade a concluir que a Paz está no nosso ADN, e que, por conseguinte, sempre buscaremos consensos diante dos diferendos que ideologicamente nos opõem, como temos vindo a fazer desde a assinatura dos Acordos de Roma (AGP).

No entanto, se a Paz está no nosso ADN, se o diálogo faz parte dos nossos genes sócio-culturais, o que dizer diante dos cíclicos tumultos e manifestações violentas pós-eleitorais que, de quinquénio em quinquénio, nos opõem? Se a Paz está no nosso ADN, como explicar que, mesmo ciente das consequências sócio-económicas dos conflitos e hostilidades militares, voltamos a vivenciar recentemente episódios que implantaram a desordem, o caos e, em última instância, a instabilidade social e política?

Talvez não baste ter inscrito na nossa longa cadeia genética os alelos dominantes da Paz. Talvez seja necessário que todos os moçambicanos (não apenas os governantes) falem sobre a Paz, e, sobretudo, pratiquem a Paz. É mesmo necessário praticar a Paz, pois, não obstante termos a Paz no nosso ADN, precisamos de a exercitar, sob o risco de, à luz da “Lei de Uso e Desuso”, de Lamarck, atrofiarmos esta bela característica que temos e ocasionarmos mutações regressivas.

E que melhor ocasião, para exercitar a Paz, senão esta em que vivemos? Que melhor momento senão neste novo ciclo? Que melhor época, para se exercitar a Paz, do que esta nova era que, no presente, nos convida a todos, independentemente de credos, inclinações, ideologias e preferências, para, mais uma vez, provarmos que a Paz está no nosso ADN?

Sim, a Paz está no nosso ADN, mas precisamos de a expressar. Precisamos, inclusive, de expressar todos os componentes da Paz, com destaque para a Inclusão e Justiça Sociais, de modo a que, parafraseando a concepção que o Deputado Gil Aníbal recentemente defendeu, possamos ter um Projecto de Nação em marcha, tal como a Tocha que pelo solo pátrio marcha, desmanchando egos, promovendo a Unidade Nacional.