O clamor por justiça: A morte de Arlindo Vasco Cumbe e a violência estatal em Moçambique

Moçambique chora mais uma vida perdida para a brutalidade dos que deveriam proteger o povo. Arlindo Vasco Cumbe, um cidadão moçambicano de 35 anos, foi morto a sangue-frio por agentes do Estado.

A sua morte soma-se a muitas outras, deixando um rastro de dor e indignação. Até quando? Até quando o povo moçambicano será dizimado por aqueles que deveriam garantir a sua segurança?

Era 18 de Março, o “Dia dos Heróis”, quando Arlindo Vasco Cumbe, residente na Casa Branca, na cidade da Matola, foi silenciado para sempre. Um agente da polícia decidiu que ele não merecia mais viver, interrompendo os seus sonhos, os seus planos e destruindo a sua família. Hoje, sua esposa está viúva e seus três filhos órfãos. Entre eles, um bebé de somente 18 meses, que jamais conhecerá o pai.

A dor não é apenas da família de Arlindo, mas de toda a nação moçambicana. Desde Outubro, mais de 350 cidadãos foram mortos, e, até agora, nenhum líder da polícia teve a dignidade de pedir desculpas ao povo. A polícia, que deveria proteger, tornou-se a maior ameaça. O que está acontecendo com Moçambique? Estamos a assistir ao extermínio do próprio povo, ao desmoronamento de uma nação que já sofreu tanto ao longo da história.

O silêncio das autoridades só fortalece a impunidade. Mas, por mais que tentem calar o povo, a verdade sempre revisitará. Para aqueles que duvidam da autenticidade dos documentos que acompanham essas denúncias, saibam que são reais. Podem verificar na Cadeia Civil de Maputo. Aqui, primamos pela verdade e pela justiça.

Diante desse cenário, surge um dilema: a luta é necessária, a revolução é legítima, mas a que custo? Estamos a perder pais, filhos, irmãos e amigos. Estamos a destruir o futuro das nossas crianças. Se em vida já é difícil prover para os nossos filhos, o que será deles sem os seus pais?

A história mostra que todas as revoluções custam sangue. Mas será que não chegou o momento de uma trégua estratégica? Em todas as guerras, há momentos de pausa, não por fraqueza, mas para reorganizar forças. “Recuar não é fugir, é tomar posição”, como diz o ditado popular.

A mensagem já foi enviada e recebida. Agora, cabe decidirmos: continuar a ser massacrados ou buscar novas formas de resistência? Se não lutarmos de maneira estratégica, os nossos filhos crescerão sem ninguém para ampará-los nesta vida cruel.

A luta continua, mas que seja inteligente. Moçambique precisa de mudança, mas também de seus filhos vivos para reconstruí-lo. (Nando Mabica)

Exit mobile version