A data de 18 de Março coincide com o dia em que, em 2023, jovens tentaram homenagear o músico Azagaia e foram violentamente reprimidos pela polícia. Em resposta, Mondlane decidiu reunir nomes que, em vida, se destacaram na luta pela liberdade e pelos direitos humanos, instituindo a data como uma homenagem nacional—embora não reconhecida oficialmente pelo Estado.
A adesão ao “feriado” foi evidente: quase todas as escolas permaneceram fechadas, e várias empresas suspenderam suas actividades. No sector dos transportes, os serviços funcionaram reduzidamente, afectando principalmente as cidades de Maputo e Matola, onde a escassez de transportes públicos foi notória.
Este episódio evidencia um fenómeno político singular em Moçambique: a existência de uma espécie de “dupla autoridade”. Apesar de não ter reconhecimento formal, Mondlane e seus seguidores demonstram possuir uma base social forte, que influencia directamente o dia-a-dia do país.
A mobilização popular para aderir a um feriado não-oficial expõe uma realidade incontestável—Moçambique tem, de facto, duas lideranças: uma reconhecida pelo Estado e outra legitimada pelo apoio popular. A questão que se impõe é: como o governo reagirá diante dessa demonstração de poder paralelo?
Resta saber se esta manifestação silenciosa abrirá espaço para diálogo ou intensificará o clima de tensão política no país. (Nando Mabica)
Creio que não se trata de manifestação silenciosa mas sim medo dos vândalos que se tem imposto nos dias das greves, mesmo que sejam de chapas.