Em protesto contra o estado degradado das estradas, os grevistas bloquearam os principais acessos a bairros como Patrice, Nkobe, Matola-Gare, Malhampsene e Machava, deixando milhares de pessoas sem alternativas de transporte.
A situação agravou-se em Ferreira Fios, onde os manifestantes usaram um machimbombo para obstruir a via, impedindo a circulação de qualquer veículo. A medida forçou passageiros a percorrer longas distâncias a pé, sob um sol abrasador.
Estradas recentemente reabilitadas voltam a degradar-se
O protesto reacendeu críticas sobre a durabilidade das obras de reabilitação das estradas da Matola. Grande parte das vias que hoje apresentam buracos profundos foram intervencionadas há menos de dois anos, nos finais do mandato do antigo edil, Calisto Cossa.
Os transportadores questionam a qualidade dessas intervenções e exigem uma resposta das autoridades.
“As estradas foram arranjadas recentemente, mas já estão piores do que antes. Isso significa que o trabalho foi mal feito. Estamos a pagar pela negligência de quem devia garantir infraestruturas de qualidade”, afirmou Ernesto Manhique, transportador de Malhampsene.
“De manhã ainda havia transporte, mas depois tudo mudou”
Entre os afectados esteve Benedita Matsinhe, que carregava o filho de dois anos ao colo. De madrugada, conseguiu deslocar-se à cidade, mas ao regressar à tarde, deparou-se com um cenário completamente diferente.
“De manhã os chapas ainda circulavam, mas com medo, não sabíamos o que ia acontecer. Quando voltei, já não havia nada. Só me restou caminhar até casa com a criança ao colo. Ele chora de cansaço e calor, mas não há outra opção.”
Estudantes sem transporte para a escola
Ancha Mondlane, aluna da Escola Secundária da Matola, também viu a sua rotina afectada. Ao sair de Nkomane para Patrice, onde apanha o transporte para a escola, encontrou as estradas bloqueadas.
“Estudo à tarde, mas como não há chapas, tive de sair mais cedo e andar a pé. Vou chegar cansada e ainda arrisco perder as duas primeiras aulas.”
A jovem lamenta a falta de alternativas para os estudantes e outros trabalhadores que dependem do transporte público.
Protestos tensos e agressões
Enquanto em algumas zonas a paralisação decorreu sem confrontos, em Patrice a tensão subiu quando transportadores que não aderiram à greve tentaram carregar passageiros.
Manifestantes arrancaram chaves das viaturas e houve relatos de cobradores feridos.
Os grevistas, por sua vez, justificam a paralisação com o péssimo estado das estradas e dizem que não voltarão a trabalhar sem uma solução concreta. Até ao momento, não houve nenhuma reacção oficial das autoridades municipais ou provinciais. (INTEGRITY)