A organização considera a situação grave e pede ao Banco de Moçambique (BM), instituição que refuta com veemência a alegação de haver uma crise cambial no país, medidas urgentes para aliviar a escassez de divisas, sob o risco de um impacto ainda maior na economia e no emprego.
O levantamento da CTA indica que o sector da aviação é o mais afectado, representando 40% do valor total em atraso. A falta de divisas já levou companhias aéreas a suspender voos para Moçambique e a vender bilhetes exclusivamente mediante agências estrangeiras.
A indústria, responsável por 26% das facturas pendentes, enfrenta dificuldades para importar matérias-primas, comprometendo a produção. Já o comércio geral, com 12%, tem suas operações travadas pela impossibilidade de adquirir produtos no exterior. A instituição, liderada por Agostinho Vuma, alerta que esses números podem ser ainda maiores, já que a colecta de dados foi feita em apenas cinco dias úteis e novas reclamações continuam sendo registradas.
Apesar da crise cambial, a confederação destaca que Moçambique apresenta uma cobertura de exportações sobre importações de 87%, o que, em teoria, deveria garantir a disponibilidade de divisas no mercado. No entanto, o problema deve-se a de as receitas das exportações dos Grandes Projectos (GPS) não estarem a ser repatriadas, limitando a entrada de moeda estrangeira no país.
Como solução, a CTA propõe que o governo pressione as grandes empresas do sector extrativo a repatriar parte de suas receitas, medida que, segundo estimativas, poderia injectar US$ 500 milhões no mercado de câmbio e aliviar a pressão sobre as importações.
Diante do cenário “preocupante”, a CTA anunciou que irá submeter ao Banco de Moçambique documentação detalhada sobre as dificuldades enfrentadas pelas empresas, reforçando a urgência de uma resposta concreta. A confederação adverte que a falta de acção poderá agravar o desemprego e intensificar as tensões sociais, apelando ao BM para ser ágil e criativo na busca de soluções.
O sector privado insiste que a estabilização do mercado cambial é essencial para garantir a continuidade das atividades empresariais e proteger a economia nacional, em um momento em que o custo de vida continua a aumentar e o país enfrenta crescentes desafios económicos aliados em parte por convulsões político-sociais.
Contudo, resta saber como o Banco Central irá proceder, uma vez que desde meados do ano passado, está em uma guerra de narrativa com o sector privado, sobre existência ou não, de divisas estrangeiras na banca comercial. (Bendito Nascimento)