Após o incêndio, os suspeitos tentaram invadir a casa com o objectivo de assassinar Adriano e sua família. No entanto, a acção foi frustrada pela rápida intervenção da população local. Os agressores, diante do fracasso, dispararam vários tiros para o ar antes de fugirem em uma viatura.
Este ataque ocorreu poucos dias após outro incidente de natureza semelhante. No dia 8 de Fevereiro, uma esquadra policial recém-construída na cidade de Xai-Xai foi incendiada horas antes da sua inauguração oficial. A infraestrutura, erguida com o apoio do empresário moçambicano residente na África do Sul, Sérgio Maunde, substituiria um espaço precário onde agentes da polícia trabalhavam há mais de cinco anos sob um cajueiro.
Testemunhas afirmam ter visto indivíduos ligados à Organização da Juventude Moçambicana (OJM), braço juvenil do partido Frelimo, fotografando e filmando o edifício na véspera do ataque. As autoridades ainda não confirmaram o envolvimento directo dessas pessoas, mas o clima de suspeita e tensão intensificou-se na região.
A escalada de violência política tem sido motivo de crescente preocupação. Confrontos e destruição de bens envolvendo simpatizantes de diferentes grupos políticos tornam-se cada vez mais frequentes, especialmente entre apoiantes do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane e defensores do regime actual da Frelimo.
Em declarações recentes, representantes de Mondlane afirmaram que esses ataques são o “preço a pagar” pela luta contra o que descrevem como o “colono actual”. Por outro lado, a população local exige uma acção firme das autoridades para conter a onda de violência e restaurar a segurança na região.
As autoridades locais prometeram investigar os ataques e reforçar a segurança, mas o temor de novos episódios persiste entre os residentes.
Importa referir que nesta Segunda-feira, 17 de Fevereiro, diversas áreas da província de Maputo foram paralisadas devido a protestos contra o alto custo de vida. Na Ponta D’Ouro, uma região isolada no extremo Sul da província, houve o bloqueio temporário de vias, evidenciando o impacto directo dos preços elevados na vida da população local.
Alison Simone, residente na região, relatou que a manifestação foi pacífica, sem registo de violência ou danos materiais. O elevado custo dos produtos na Ponta D’Ouro pode estar associado às despesas de transporte e à dependência de abastecimento externo. O protesto reflete as dificuldades económicas enfrentadas pelos cidadãos e levanta a necessidade de medidas para mitigar a situação. (Nando Mabica)