Vivemos em comunidades que, ao andar do tempo, se expandem e alcançam novos horizontes. Isso abrange até mesmo simples bairros residenciais onde a larga maioria das pessoas reside. Em Moçambique e nos demais países da África Austral.
Toda a comunidade da África Austral é regida por uma organização criada em 1992, chamada SADC. No entanto, antes de 1992, a organização chamava-se SADCC e nela faziam parte os seguintes países: Moçambique, África do Sul, Zimbabué, Zâmbia, Angola, Botswana, Namíbia, Malawi, Suazilândia, Lesoto e Tanzânia. Com o advento da globalização, a comunidade expandiu-se, tendo alterado a designação para SADC e abrindo portas para mais países aderirem à mesma. São os casos de: Comores, RDCongo, Ilhas Maurícias e Madagáscar.
O lema da SADC é _RUMO A UM FUTURO COMUM_ e a sua sede localiza-se na cidade de Gaberone, Botswana. Os mandatos têm variado e todos os países integrantes têm a sua vez na presidência de um determinado mandato ou Órgão. É a gestão comum da SADC!
Não obstante, essa aparente conexão entre os países integrantes desta comunidade, há-de o leitor reconhecer que os níveis de desenvolvimento humano são desconexos, díspares. É como sucede com os moradores de um bairro qualquer, onde podemos encontrar famílias de várias classes sociais residindo no mesmo quarteirão! Os países da SADC são autónomos, porém eles interagem entre si, criando políticas diversas que possam facilitar, por exemplo, a livre circulação de pessoas e mercadorias. Até certo ponto, diga-se de passagem, pois ainda há muito por se fazer para se dar cumprimento ao lema rumo a um futuro comum.
Um dos maiores aguilhões desta comunidade são os seus líderes políticos, embora haja excepções. Países como a Namíbia, o Botswana, a Tanzânia e as Ilhas Maurícias são um exemplo de equilíbrio político, alguma integridade democrática e tal. Têm lideranças comprometidas com os seus povos! Se os demais países comunitários seguissem na mesma senda, o nível de desenvolvimento económico, humano e a segurança seriam maiores.
O autor destas linhas escreve baseando-se no conhecimento que tem de Moçambique, a partir de onde escreve, mais as pesquisas e observações da dinâmica dos outros países da SADC. Na vertente da *proibição publicitária de álcool. Moçambique, em comparação com os demais países, continua a penar por, às vezes, não ter a legislação apropriada ou, tendo-a, não passa de um instrumento para inglês ver. Quer dizer, existem normas, regras de conduta e proibições, em prol do bem comum. Mas, muitas vezes, o próprio legislador não cumpre e pouco faz para fazê-la cumprir.
Parecendo que não, os próprios governantes ou a nata empresarial é que contribui para o incremento indirecto da delinquência. Vendendo e colocando à disposição dos jovens todo tipo de bebida alcoólica, como quem diz “beba isso para esquecer a carestia da vida e seus líderes corruptos”. E uma das formas que se usa para “motivar” a juventude são as propagandas. Muitas delas bem sugestivas e aí o jovem não resiste! Quer experimentar, sentir a drena… Mas lá pelo andar da carruagem, surge o alerta vermelho, pois o consumo excessivo de álcool tornou-se um problema de saúde pública.
É verdade que as empresas querem lucrar pelo produto que colocam no mercado e, para isso, fazem o uso de um marketing agressivo. Pagam pelas propagandas! Nos jornais, nos painéis publicitários, nas redes sociais e, principalmente, nas televisões. Ainda conseguem estampar em seus produtos a inscrição *proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. * Na letra, porque no terreno se vive outra realidade. Bem dura! Nos outros países da região ainda é possível restringir e fazer cumprir aquela inscrição, mas em Moçambique é comum deparar-se com crianças (menores de 18 anos) bebendo toda a sorte de bebida alcoólica. Muitos deles, em pleno período lectivo! Quo Vadis!!!
Diante desse quadro, as autoridades do sector deveriam intervir, no sentido de restringir ou mandar retirar todo tipo de publicidade que visa atrair consumidores de álcool. Sabemos que proibir não vai coibir produtores e consumidores, mas vai criar alguma sensibilidade e responsabilidade. Eles sempre encontrarão maneiras de ter os produtos circulando, contanto que não inundem a mente do cidadão com publicidade tentadora. É para a saúde pública e menos sinistros rodoviários!
Finalizando, nada contra o álcool ou seus consumidores, mas um desafio e uma ocorrência forçaram o autor destas linhas a escrever. Não passa uma semana que tomei conhecimento de que um antigo vizinho está “arrumado” e andando de muletas, simplesmente porque bebeu excessivamente, dirigiu e sofreu um acidente de carro. Cuidemo-nos e sejamos mais responsáveis!
E mais não quis dizer…
Por: *Tércio Nhassengo*