“Assim não dá” — Clientes da Tmcel revoltados com a péssima qualidade dos serviços

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 13 de Fevereiro de 2025-A operadora estatal Tmcel está no centro de uma onda crescente de indignação. Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por queixas sobre falhas persistentes nos serviços, desde dificuldades na activação de pacotes de dados até problemas graves de conexão e atendimento ao cliente.

Os relatos mostram um padrão: a frustração não se restringe a uma região específica do país, mas espalha-se por diferentes províncias, afectando milhares de consumidores.

A insatisfação não é nova. A Tmcel tem sido alvo de críticas recorrentes devido à instabilidade dos seus serviços, mas a falta de respostas concretas por parte da empresa agrava o descontentamento. Os consumidores exigem melhorias urgentes, mas, em vez disso, encontram silêncio e um serviço cada vez mais deficitário.

A crise na Tmcel não surgiu agora. Nos últimos anos, a empresa tem enfrentado dificuldades financeiras significativas, resultado de uma combinação de má gestão, concorrência agressiva e desafios tecnológicos.

Em Dezembro de 2024, a operadora admitiu não ter condições para pagar o 13.º salário dos seus funcionários, alegando dívidas acumuladas por clientes empresariais e institucionais.

No entanto, paradoxalmente, os consumidores individuais continuam a pagar pelos serviços e, mesmo assim, não recebem a qualidade esperada.

A falta de investimento na modernização da infraestrutura é evidente. Enquanto outras operadoras têm conseguido manter um serviço relativamente estável, a Tmcel sofre com falhas constantes que duram dias sem solução.

Os clientes relatam dificuldades na conversão de saldo em pacotes de internet, instabilidade no sinal em diversas zonas do país e um atendimento ao cliente que, segundo eles, “simplesmente não existe”.

Joeh Lee, residente na Matola-Gare, relata: “Aqui não temos sinal há dias. É impossível comunicar. Como uma operadora nacional nos deixa assim?” Lindy Henriques reforça a crítica ao atendimento: “Duas semanas para recuperar um número de telefone. Isso é inaceitável.”

O nível de insatisfação atingiu um ponto crítico. Para muitos, a Tmcel já não é uma opção viável e abandonar a operadora tornou-se uma decisão inevitável.

Eduardo Valente Sitoe, um dos clientes que decidiu desistir, desabafa: “É triste porque é a única operadora nacional, mas não dá mais. Fico horas na linha de atendimento sem resposta. Os problemas são ignorados e nós, clientes, ficamos à mercê do descaso.”

A indignação cresce também entre os consumidores mais jovens, especialmente os que utilizam a internet para estudos, trabalho e lazer.

Isabel Guambe questiona a falta de coerência da empresa: “Por que vendem pacotes jovens se nunca funcionam? Quero meu dinheiro de volta!”

Já Taylor Filipe expressa a sua frustração de forma mais contundente: “O que fizemos para sermos tratados assim? Estamos sem internet há um dia e ninguém se pronuncia. É um desrespeito total!”

Além das falhas técnicas, os clientes criticam a falta de transparência da empresa. Lúcia Mahale sugere: “Da mesma forma que enviam mensagens promocionais, informem sobre os problemas. Há dias tento converter saldo em megas e nada. O que se passa com o serviço Net Giro?”

A postura da Tmcel em momentos de crise tem sido marcada pelo silêncio. Sem esclarecimentos ou prazos para resolução, os consumidores sentem-se desamparados e enganados.

A operadora, que deveria ser um símbolo de conectividade nacional, parece estar a afastar os próprios clientes que a sustentam.

A Tmcel já foi líder no sector das telecomunicações em Moçambique, mas hoje luta para manter-se relevante num mercado cada vez mais competitivo.

Com a Vodacom e a Movitel a expandirem os seus serviços e investirem em inovação, a operadora estatal fica para trás, incapaz de responder às exigências do consumidor moderno.

Se nada for feito para reverter este cenário, o futuro da Tmcel pode estar em risco. A perda contínua de clientes, aliada a dificuldades financeiras, pode levar a empresa a uma crise irreversível.

Enquanto isso, os moçambicanos continuam a esperar por um serviço que, a cada dia, parece menos capaz de atender às suas necessidades. Entretanto, apesar de várias tentativas a “Integrity” não conseguiu ouvir a versão da empresa. (INTEGRITY)

 

 

 

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