Os relatos mostram um padrão: a frustração não se restringe a uma região específica do país, mas espalha-se por diferentes províncias, afectando milhares de consumidores.
A insatisfação não é nova. A Tmcel tem sido alvo de críticas recorrentes devido à instabilidade dos seus serviços, mas a falta de respostas concretas por parte da empresa agrava o descontentamento. Os consumidores exigem melhorias urgentes, mas, em vez disso, encontram silêncio e um serviço cada vez mais deficitário.
A crise na Tmcel não surgiu agora. Nos últimos anos, a empresa tem enfrentado dificuldades financeiras significativas, resultado de uma combinação de má gestão, concorrência agressiva e desafios tecnológicos.
Em Dezembro de 2024, a operadora admitiu não ter condições para pagar o 13.º salário dos seus funcionários, alegando dívidas acumuladas por clientes empresariais e institucionais.
No entanto, paradoxalmente, os consumidores individuais continuam a pagar pelos serviços e, mesmo assim, não recebem a qualidade esperada.
A falta de investimento na modernização da infraestrutura é evidente. Enquanto outras operadoras têm conseguido manter um serviço relativamente estável, a Tmcel sofre com falhas constantes que duram dias sem solução.
Os clientes relatam dificuldades na conversão de saldo em pacotes de internet, instabilidade no sinal em diversas zonas do país e um atendimento ao cliente que, segundo eles, “simplesmente não existe”.
Joeh Lee, residente na Matola-Gare, relata: “Aqui não temos sinal há dias. É impossível comunicar. Como uma operadora nacional nos deixa assim?” Lindy Henriques reforça a crítica ao atendimento: “Duas semanas para recuperar um número de telefone. Isso é inaceitável.”
O nível de insatisfação atingiu um ponto crítico. Para muitos, a Tmcel já não é uma opção viável e abandonar a operadora tornou-se uma decisão inevitável.
Eduardo Valente Sitoe, um dos clientes que decidiu desistir, desabafa: “É triste porque é a única operadora nacional, mas não dá mais. Fico horas na linha de atendimento sem resposta. Os problemas são ignorados e nós, clientes, ficamos à mercê do descaso.”
A indignação cresce também entre os consumidores mais jovens, especialmente os que utilizam a internet para estudos, trabalho e lazer.
Isabel Guambe questiona a falta de coerência da empresa: “Por que vendem pacotes jovens se nunca funcionam? Quero meu dinheiro de volta!”
Já Taylor Filipe expressa a sua frustração de forma mais contundente: “O que fizemos para sermos tratados assim? Estamos sem internet há um dia e ninguém se pronuncia. É um desrespeito total!”
Além das falhas técnicas, os clientes criticam a falta de transparência da empresa. Lúcia Mahale sugere: “Da mesma forma que enviam mensagens promocionais, informem sobre os problemas. Há dias tento converter saldo em megas e nada. O que se passa com o serviço Net Giro?”
A postura da Tmcel em momentos de crise tem sido marcada pelo silêncio. Sem esclarecimentos ou prazos para resolução, os consumidores sentem-se desamparados e enganados.
A operadora, que deveria ser um símbolo de conectividade nacional, parece estar a afastar os próprios clientes que a sustentam.
A Tmcel já foi líder no sector das telecomunicações em Moçambique, mas hoje luta para manter-se relevante num mercado cada vez mais competitivo.
Com a Vodacom e a Movitel a expandirem os seus serviços e investirem em inovação, a operadora estatal fica para trás, incapaz de responder às exigências do consumidor moderno.
Se nada for feito para reverter este cenário, o futuro da Tmcel pode estar em risco. A perda contínua de clientes, aliada a dificuldades financeiras, pode levar a empresa a uma crise irreversível.
Enquanto isso, os moçambicanos continuam a esperar por um serviço que, a cada dia, parece menos capaz de atender às suas necessidades. Entretanto, apesar de várias tentativas a “Integrity” não conseguiu ouvir a versão da empresa. (INTEGRITY)