O Presidente Daniel Chapo enfatizou, durante a cerimónia de posse, a necessidade de reforçar a ligação entre a polícia e a comunidade, uma promessa que há muito tem sido repetida, mas cujos resultados práticos continuam a ser questionáveis.
A tomada de posse ocorre num momento de crescente insegurança, especialmente devido aos ataques em Cabo Delgado, os incidentes violentos na Zambézia e as manifestações consideradas ilegais. No entanto, a resposta governamental a estas crises tem sido, frequentemente, marcada por uma abordagem repressiva em vez de soluções estruturais.
A polícia moçambicana, em diversas ocasiões, é acusada de violações de direitos humanos, uso excessivo da força e envolvimento em esquemas de corrupção. Será que o novo Vice-Comandante-Geral conseguirá inverter este cenário ou apenas manterá a linha dura já conhecida por todos nós?
Além disso, o reforço na hierarquia da PRM com a patenteamento de dois novos Primeiros-Adjuntos levanta questões sobre a eficácia administrativa da corporação. A estrutura de comando da polícia tem sido ampliada, mas a eficácia operacional e a confiança pública continuam a deteriorar-se.
O discurso oficial insiste na “proximidade com a comunidade”, mas os relatos de brutalidade policial e a ineficiência no combate ao crime organizado, como os raptos e o tráfico de drogas, sugerem uma desconexão entre as promessas políticas e a realidade nas ruas.
Se a nova liderança da PRM quiser fazer realmente a diferença, precisará não apenas de estratégias repressivas, mas de um trabalho profundo de reforma institucional. Transparência, combate à corrupção interna e uma abordagem mais inteligente para os desafios da criminalidade devem ser prioridades. Caso contrário, as mudanças na cúpula da PRM serão apenas mais um rearranjo burocrático sem impacto real na segurança dos cidadãos. (Nando Mabica)