Em conferência de imprensa, Impissa, que também exerce a função de porta-voz do executivo, explicou que o contacto com Mondlane não faz parte das acções previstas no Plano de 100 Dias de Governação, que se concentra em actividades de natureza executiva.
Segundo Impissa, o diálogo promovido pelo Presidente da República visa estabelecer contactos com diversas forças políticas e representantes de organizações formais, deixando de lado indivíduos que não ocupam cargos oficiais em partidos políticos ou movimentos estruturados.
“O que esperamos dele é muita responsabilidade, é muita cordialidade, se ele quer desenvolver, o que ele tem que fazer é dar opiniões para o desenvolvimento, para o crescimento e acima de tudo para a reconciliação do povo”, declarou o ministro.
Impissa reconheceu que Mondlane tem sido uma figura recorrente nos debates públicos, mas apelou para que o diálogo não seja polarizado em torno de uma única figura. “Há muitos movimentos que acho que já são um pouco independentes da própria existência ou pelo menos independentes dos comandos do Venâncio Mondlane, o nosso apelo é para que ele abra espaço ao diálogo e se preocupe, acima de tudo, com as populações”, sublinhou o governante.
O Plano de 100 Dias apresentado recentemente pelo governo de Daniel Chapo visa implementar 78 acções de impacto imediato para melhorar as condições de vida dos cidadãos. No entanto, a ausência de medidas específicas para mitigar a tensão política e promover o diálogo com Venâncio Mondlane tem gerado críticas por parte de sectores da sociedade civil.
Mondlane, que se destacou como a vozes mais com mais seguidores após perder as eleições para Daniel Chapo, e que por meses quase que “paralisou o país” foi ignorado pelo executivo nas recentes rondas de diálogo promovidas pelo chefe de Estado. Enquanto os representantes dos partidos com assento parlamentar têm mantido contactos regulares com o Presidente da República, Mondlane tem sido deixado de fora, o que levanta dúvidas sobre a abrangência das iniciativas de reconciliação nacional.
Impissa reforçou que o governo não pode convocar Mondlane como se este fosse o representante de uma força política oficial. “O que sabemos é que ele não é membro de nenhum partido. Então há um movimento primário com os partidos e o diálogo, vai descer e ser mais abrangente para os diferentes intervenientes da sociedade”, esclareceu.
Nas últimas semanas, várias vozes, incluindo representantes da sociedade civil, apelaram ao governo para privilegiar o diálogo com figuras como Venâncio Mondlane, em detrimento de líderes partidários tradicionais que já não gozam de grande simpatia popular.
O grande desafio para o governo de Daniel Chapo será garantir que as suas acções promovam a estabilidade política e social, num contexto em que o diálogo e a reconciliação são fundamentais para a pacificação do país. Resta saber se a estratégia actual será suficiente para criar o impacto desejado, ou se a exclusão de figuras como Venâncio Mondlane poderá comprometer os esforços de unidade nacional. (Bendito Nascimento)