Digo isto, porque na Quinta-feira, 06 de Fevereiro de 2025 quando todos estavam ocupados com as exigências da população de Chongoene, na província de Gaza que ameaçava queimar o aeroporto que custou mais de 70 milhões de USD do bolso dos “irmãos chineses” e que estranhamente decidiu dar o nome de Filipe Nyusi, ex-presidente da República, um acto que foi amainado inteligentemente pela 1ª vez por alguns elementos da famigerada Unidade de Intervenção Rápida (UIR) que deixou a violência de lado e pautou pelo diálogo, eis que novas nomeações presidenciais vieram alterar toda a proeza da UIR, famosa por assassinar e disparar no estilo faroeste.
As nomeações de tão esquisitas que são até parece um segundo governo no executivo de Daniel Chapo que entrou com a “lábia” de que iria diminuir o número de ministérios e retirar algumas gorduras, mas, na verdade, parece ter sido um discurso para “boi dormir” ou mesmo de “um papagaio” na fase da velhice e que fala tudo que absorveu ao longo da vida.
Ademais, o outro grande problema, não são as nomeações, mas sim, as pessoas que estão a ser nomeadas. Ora vejamos, hoje teremos um Ministro na Presidência para Assuntos Parlamentares, Autárquicos e das Assembleias Provinciais, num contexto em que o Partido que possui mais assentos na Assembleia da República, nas Provinciais e autárquicas é a Frelimo, organização que nos próximos dias passará a ser liderada por Daniel Chapo e que terá o controlo total e completo do Partido e dos órgãos de decisão do País, mas infelizmente, no meio de todas as promessas de austeridade institucional decidiu criar um segundo Governo para além do já existente e que a sua agenda de trabalho nos próximos 100 dias é extensivamente hilariante e longe das expectativas do povo.
Outro aspecto, a nomeação de Eduardo Mulémbwè, um quadro já experimentado e que presidiu a AR de 12 de Janeiro de 1995 a 12 de Janeiro de 2010, ou seja, por 15 anos e que eticamente já deveria estar na reforma política demonstra que definitivamente não teremos um governo funcional, uma vez que certos papeis institucionais ficarão sobrepostos e ameaçados. Talvez seja, a venha tácticas da Frelimo que é de acomodação política, mas até quando? Poderia ser outra figura mais jovem e dinâmica, mas talvez pelo nervosismo que se assistiu na Comissão Ad hoc. Chapo não quer ter problemas com certos camaradas.
Outra nomeação problemática é a de Beatriz Buchili, a “matrona do nebuloso dossier das dívidas ocultas” como diria o falecido jornalista Homero Lobo. Principalmente num contexto em que se acredita que este processo terá novos episódios nos próximos tempos em que seu antigo chefe pode ser chamado pelos gringos e uma justiça local isenta, como será gerida a “vontade política” e os interesses da nação, caso ele ou uma figura sonante seja solicitado pelo Departamento de Justiça dos EUA, ou a Privinvest? Concretamente agora que Donald Trump e Elon Musk querem todos os dólares dos gringos recuperados. Que conselho a Buchili dará ao novo PR, após ter investido fundos e mundos para trazer Manuel Chang para o País, o que acabou redundando em autêntico fracasso.
Teremos um ninho presidencial composto por homens que contribuíram drasticamente para a erosão económica e política do País como Mateus Magala que durante a sua passagem pelo extinto Ministério dos Transportes e Comunicação incentivou o corte da internet, redução da qualidade dos serviços de telefonia móvel, apadrinhou os comparsas sul-africanos FMA que alegadamente vinham recuperar a moribunda Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), mas no final de tudo se comprovou que pioraram mais os serviços e até chegaram a pagar mais de 71 milhões de meticais para uma aeronave que nunca chegou a ser utilizada até a sua devolução ao País de origem.
Como se não bastasse, Daniel Chapo, foi buscar mais um elemento crucial do desastre governativo de Filipe Nyusi, seu conselheiro directo, Francisco Mucanheia e que até chegou a estar na lista de sucessão, juntamente com Esperança Bias, Roque Silva, Damião José e o próprio Chapo, hoje presidente da República. Mucanheia será o conselheiro para os assuntos Inter-institucionais. É um cenário ilógico que se assiste em Moçambique, onde “ninguém está para servir o Estado, mas sim, um campo de protecção de interesses.”
Na lista das nomeações está João Osvaldo Machatine, um grande amigo do Presidente Chapo e que durante a campanha eleitoral correu por tudo canto com ele, Machatine foi nomeado ao cargo de chefe do Gabinete de Reformas e Projectos Estratégicos. Facto este que demonstra que nos próximos dias a confusão será maior na República de Moçambique. Machatine foi exonerado por Filipe Nyusi, depois ter inaugurado infraestruturas sem qualidade que perigavam a vida dos cidadãos e consequentemente acabavam desmoronando com uma simples chuva, caso da ponte sobre o rio Licungo e a estrada da Maganja da Costa.
Não nos surpreendamos caros compatriotas, a distribuição do tacho vai continuar, assim como a protecção de figuras que terão prestado mau serviço ao Estado moçambicano nos últimos 10 anos. Não estranhem se nos próximos dias figuras como Carlos Mesquita, Celso Correia, Adriano Maleiane, Bernardino Rafael, entre outros aparecerem como conselheiros do Presidente ou mesmo diplomatas “de primeira linha”, um Estado de salve-se quem puder e assim o barco terá todas as condições para seguir o rumo do Titanic.
Que culpa temos de nascer num País sem referências, onde um criminoso pode ser chefe da polícia e um corrupto presidente de uma comissão de ética? Sinceramente! (Omardine Omar)