Entretanto, quando todos esperavam por um discurso virado para os desafios do paupérrimo sistema de educação nacional e a nova fórmula, eis que Daniel Chapo decidiu responder Venâncio Mondlane com a questão do cimento passar a custar 300 meticais. Chapo disse que não fazia sentido que o cimento baixasse, mas este discurso não agradou aos cidadãos nascidos e residentes em Lugela, onde não existe nenhuma infraestrutura moderna e as poucas casas em condições existentes a sua construção tem sido no meio de muito sofrimento, uma vez que tudo por lá compra-se em Mocuba.
No distrito de Lugela, em 50 anos de independência não existe nenhum instituto básico ou médio de formação profissional. Para um simples cidadão construir uma residência com bloco feito a cimento e chapas de zinco é um autêntico martírio. A população vive tão mal que as vezes esquecem que estão numa República e assistir um PR que não conhece a realidade concreta do seu povo acaba levantando situações de insatisfação e fúria conforme se assiste, mas talvez a actual realidade do distrito seja satisfatória para os líderes locais que ganham com o estágio da idade da pedra em que o distrito se encontra.
O cenário de Lugela é idêntico há vários distritos do País, tal como Mecanhelas (Niassa) ontem celeiro da província, mas hoje não tem alimentos. Mutarara (Tete) ou mesmo Namarrói (Zambézia), onde a realidade local tenebrosa e complicada e que exige que o novo executivo crie condições e oportunidades para a população, porque Lugela por 50 anos não fez parte dos objectivos de desenvolvimento do País e quando todos esperavam por um novo horizonte, eis que Daniel Chapo veio atiçar mais o sentimento de exclusão dos naturais e amigos de Lugela que tiveram que abandonar o distrito devido à falta de condições e a problema da intolerância política comandada pelos membros do partido Frelimo há décadas naquele distrito.
O discurso do preço do cimento de construção demonstrou para os Lugelenses que a exclusão continuará a ser perpetuada num contexto concreto ignorância política extremamente enraizada na vida dos líderes locais que não aceitam que o desenvolvimento chegue naquela região.
Talvez agora com a legião de conselheiros e consultores, as abordagens melhorem porque este povo mais do que ouvir respostas ao maior opositor e adversário do actual governo, o povo quer soluções dos seus complexos problemas que já perduram há cinco décadas e para tal, é importante que cada discurso seja consentâneo com a dor do povo e os caminhos seguros para a sua resolução. (Omardine Omar)