A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) alerta que a escassez de divisas está travando importações essenciais e a sufocar a actividade económica, colocando em risco milhares de postos de trabalho.
A posição da CTA surge em resposta às recentes declarações do Banco de Moçambique (BM), que minimizou o problema, alegando que os bancos comerciais não enfrentam dificuldades na disponibilização de moeda estrangeira.
No entanto, os dados levantados pela confederação apontam em sentido contrário e expõem uma realidade alarmante.
Segundo a CTA, o volume de operações de permuta de liquidez entre os bancos comerciais atingiu mínimos históricos no segundo trimestre de 2024, fixando-se em apenas 5,5 milhões de dólares.
Ao mesmo tempo, os bancos aumentaram as compras de moeda estrangeira aos seus clientes em 18%, enquanto as vendas cresceram apenas 7%, indicando que as divisas estão sendo acumuladas nas instituições financeiras sem chegarem ao sector produtivo.
“As empresas enfrentam enormes dificuldades para aceder a divisas, comprometendo importações estratégicas e impacta directamente a economia real”, denúncia a CTA, que estima que, em 2024, os bancos comerciais tenham absorvido cerca de 1,8 mil milhões de dólares do sector privado.
A situação já está tendo efeitos devastadores em sectores fundamentais. A indústria transformadora enfrenta paralisações devido à escassez de matérias-primas e equipamentos importados, enquanto o sector do turismo sofre com restrições severas e algumas companhias aéreas internacionais suspenderam a emissão de bilhetes em agências moçambicanas por não conseguirem repatriar as suas receitas.
A CTA revela ainda que, até ao terceiro trimestre de 2024, as empresas haviam submetido aos bancos comerciais pedidos de pagamento de facturas no valor total de 402 milhões de dólares, mas sem sucesso.
Para pressionar uma solução, a confederação tem tentado dialogar com o Banco de Moçambique e chegou a reunir 15 representantes de empresas afectadas com o regulador. No entanto, até agora, não houve nenhuma resposta concreta.
Face à inacção das autoridades, a CTA lançou um apelo urgente às empresas que tenham facturas de importação pendentes há mais de três meses para submeterem a respectiva documentação nos seus escritórios.
A lista será enviada ao Banco de Moçambique dentro de cinco dias, numa tentativa de forçar medidas eficazes.
Enquanto isso, a incerteza cresce e o sector empresarial receia que a continuidade desta crise comprometa investimentos, provoque encerramentos de mais empresas e agrave o desemprego. (INTEGRITY)