O anúncio, feito na Quinta-feira (30 de Janeiro), surge menos de duas semanas após a revelação de um prejuízo milionário com o Boeing 737-300F, um cargueiro que permaneceu mais de um ano em solo moçambicano sem realizar um único voo.
A decisão de expandir a frota enquanto a empresa enfrenta dificuldades operacionais, dívidas e escândalos financeiros levanta sérias dúvidas sobre a gestão da companhia. Afinal, a LAM continua sem explicar como foi possível investir milhões num cargueiro sem certificação para operar e, ao mesmo tempo, avança para novas aquisições sem esclarecer os critérios de viabilidade.
Segundo a LAM, as propostas podem ser submetidas até 07 de Fevereiro, e os interessados podem obter informações adicionais entre 04 e 06 de Fevereiro. No entanto, o anúncio do concurso público acontece em meio a uma crise de credibilidade, alimentada pela falta de transparência da empresa sobre os erros cometidos na aquisição e devolução do Boeing cargueiro.
A aeronave, adquirida em 2023, deveria iniciar operações em Março de 2024 e aumentar em 90% a geração de receitas da LAM, operando rotas para África do Sul, Tanzânia e outros países africanos. Mas, sem a devida certificação, nunca chegou a levantar voo.
Durante mais de um ano, a LAM gastou cerca de 930 mil dólares (aproximadamente 59 milhões de meticais) apenas em aluguer do avião, além de outros custos administrativos e logísticos. No total, o prejuízo ultrapassa 71 milhões de meticais, sem qualquer retorno para a companhia.
A informação sobre a devolução do cargueiro só se tornou pública após a publicação da Integrity Magazine, forçando a empresa a emitir um comunicado onde admitia que o avião deixou o país a 18 de Janeiro de 2025, com destino a Jacarta, na Indonésia. Até então, a LAM havia mantido o fracasso do investimento em segredo, sem prestar esclarecimentos sobre os critérios que levaram à sua aquisição.
Contudo, a LAM, que há anos opera com dificuldades financeiras e cancelamentos frequentes de voos, tenta agora renovar sua frota, apostando nos modelos Embraer ERJ190 e Boeing 737–700, conhecidos pela eficiência em rotas regionais e internacionais. No entanto, pela experiência, sem um plano claro de recuperação financeira e sem transparência sobre os investimentos falhados, a nova aquisição pode acabar por repetir os mesmos erros do passado. (Bendito Nascimento)