O discurso aplaudido por uns e contestado por outros anunciou que nos próximos tempos haverá cortes nas despesas públicas, redução da máquina governamental, melhoria do custo de vida dos moçambicanos, reformas socioeconómicas, entre outros pontos.
Lima explica que para a implementação dessas medidas são necessárias pessoas preparadas para o efeito e tem dúvidas de que os nomes até aqui indicados tenham capacidade para materializar a visão de Chapo.
“Esperava-se um governo muito ambicioso. Esse governo não é um governo ambicioso. É um governo muito mediano em termos de capacidades e, portanto, tenho dúvidas se pode ter a missão anunciada por Daniel Chapo”, comentou Lima questionando a autonomia dos governantes em implementar seus projectos ministeriais sem amarras partidárias.
O jornalista defende o seu posicionamento fundamentando que a questão não é o currículo dos apontados a ocuparem cargos executivos do governo, mas sim a capacidade e a valentia dos ministros em aplicarem as políticas definidas pelo Alto Magistrado da Nação.
Nos últimos dias debateu-se a necessidade da existência de um governo de inclusão e de unidade nacional visando maior proactividade na implementação de reformas que contribuam para o desenvolvimento do país. Esperava-se que isso fosse implementado pelo novo Presidente da República, até aqui nada aconteceu.
Lima tem suas incertezas se isso realmente acontecerá. Contudo explica que a demora na nomeação pode ser estratégica visando acomodar nomes vindos da oposição em função do diálogo que deve estar a acontecer.
“Há sete postos que ainda não foram anunciados. Vamos dar o benefício da dúvida se esses postos estarão reservados para esta marca de inclusão de maior abrangência, inclusivamente de abertura ou posição”, analisou.
As pessoas devem sentir que é um governo do povo e não da Frelimo
Devido ao contexto sociopolítico que os moçambicanos atravessam cada vez mais ávidos pela mudança visando a melhoria das condições de vida, o que tem gerado sucessivas tensões em diferentes áreas, Lima entende que o Governo recém-formado não tem capacidade para resolver os problemas do país.
Diante dessa inabilidade, existem soluções que podem e devem ser implementadas para inverter o cenário e acomodar o desejo das massas. Fernando Lima volta a insistir na inclusão política e governativa bem como no distanciamento de cores partidárias.
“Nenhum governo na actual conjuntura pode governar seriamente se não considerar a componente de inclusão como uma das suas principais prioridades. Ou seja, é preciso que esse governo reclame uma legitimidade abrangente para governar. Significa que as pessoas sintam que esse é o seu governo e não o da Frelimo”, defendeu.
Outra saída proposta por Lima é referente a apresentação de soluções para os problemas expostos na anterior governação. Isso também traria legitimidade ao novo Chefe de Estado e ao seu elenco governativo.
“É preciso dar resposta às principais reivindicações populares. Quando eu digo dar resposta não significa, como se diz na gíria, daqui para aqui. Não é possível resolver o problema da habitação em meia dúzia de meses. Mas aquilo que o governo pode e deve fazer é dar uma esperança de vida melhor às pessoas que eles possam sonhar”, referiu.
A nossa fonte alerta que a transmissão dessa esperança deve ser feita num espaço de tempo apropriado. Caso não seja possível o Governo deve ser capaz de usar o diálogo para explicar os seus desafios à população.
“O Presidente e os seus assessores têm que encontrar uma receita que dê respostas concretas, objectivas e pragmáticas para uma conjuntura muito negativa para que este governo comece a sua governação”, sublinhou.
Ademais caso o governo consiga atender as revindicações populares e conquistar, pacificamente, a legitimidade para com o povo isso pode aumentar a sua credibilidade internacionalmente.
Venâncio Mondlane e Daniel Chapo devem encontrar um ponto de convergência
Já iniciou a contagem para os primeiros três meses de governação. Por um lado Daniel Chapo, Presidente da República anunciou reformas generalistas em diferentes áreas, por outro Venâncio Mondlane, autoproclamado presidente do povo apresentou medidas mais imediatas e exigiu a sua implementação.
A situação indica uma bicefalia governativa e o nosso entrevistado sugere um encontro entre ambas forças. “Não pode haver duas governações, tem que haver uma governação”, frisou.
Em uma das entrevistas o Daniel Chapo disse que 95 por cento das medidas anunciadas por Venâncio Mondlane, fazem parte da sua perspectiva de governação. Lima sugere diálogo entre ambas partes de forma a acomodar as determinações excluídas.
Em relação a implementação entende-se que existam medidas que podem ser executadas de imediato e outras levam mais tempo. A nossa fonte reconhece e para resolver o dilema sugere o estabelecimento de prazos para a sua execução. (Ekibal Seda)