A decisão foi anunciada pela SINAFP, em coordenação com as associações ANEMO, ANAPRO, APSUSM e APU, após o Governo garantir o pagamento de 50% do 13º salário para os funcionários públicos e 100% para os pensionistas em Fevereiro.
A suspensão temporária da greve surge como um gesto de boa-fé por parte dos sindicatos, que esperam que o Executivo cumpra a promessa feita pelo porta-voz do Conselho de Ministros e Ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa, na passada Terça-feira (28).
No entanto, os representantes dos trabalhadores alertam que continuarão atentos ao cumprimento dos compromissos assumidos e exigem que não haja retaliações contra os grevistas, incluindo anulação de faltas por ausência física e garantia de que não haverá descontos salariais.
Durante a paralisação, vários sectores essenciais foram severamente afectados, sobretudo na saúde e educação. Em diversas unidades sanitárias, o funcionamento foi reduzido a mínimos, com muitos hospitais a operarem sem o seu efectivo completo. Nalguns centros de saúde, a ausência dos profissionais foi total, deixando centenas de pacientes sem atendimento médico.
Na educação, a greve teve impacto directo nos exames especiais. Professores recusaram-se a supervisionar as provas em diversas escolas, o que levou algumas direcções escolares a recorrerem a agentes da polícia e chefes de quarteirão para garantir o controlo dos exames. A medida foi amplamente criticada por professores e estudantes, que consideraram a acção uma violação dos princípios da gestão escolar e da autonomia docente.
O Governo anterior, liderado pelo ex-primeiro-ministro Adriano Maleiane, alegou dificuldades financeiras para efectuar o pagamento. Maleiane chegou a afirmar que a crise orçamental foi agravada pela necessidade de reformular o Orçamento do Estado devido aos protestos pós-eleitorais.
Apesar da suspensão da greve, os sindicatos reforçaram que não hesitarão em retomar as manifestações caso o Executivo falhe no pagamento prometido em Fevereiro. Além disso, exigem que nenhum trabalhador seja penalizado pela sua participação na paralisação, seja por descontos salariais ou represálias administrativas.
A questão agora recai sobre o Governo, que terá menos de um mês para cumprir a promessa feita. Caso contrário, o país poderá enfrentar uma nova onda de paralisações, com impactos ainda mais severos nos serviços públicos essenciais. Até lá, a tensão entre o Executivo e os funcionários públicos continua latente, e os sindicatos deixam claro que a luta pelos direitos laborais ainda não terminou. (Bendito Nascimento)