No entanto, a realidade do sector educativo continua marcada por desafios estruturais graves, como a falta de quase 12 mil professores e infraestruturas precárias.
A promessa de entrega dos livros, tanto em formato físico quanto digital, pode representar um avanço para o ensino. Contudo, não se pode ignorar que a carência de docentes compromete directamente a qualidade da educação. A solução apontada pelo Executivo — obrigar os professores existentes a realizarem horas extraordinárias — não resolve o problema a longo prazo e pode resultar em sobrecarga e desgaste dos profissionais, prejudicando o processo de ensino-aprendizagem.
Outro ponto preocupante é o impacto da destruição de salas de aula devido a eventos recentes, como manifestações pós-eleitorais e os ciclones Chido e Dikeledi. Sem um plano concreto para a reconstrução dessas infraestruturas, milhares de alunos podem enfrentar um início de ano lectivo em condições precárias.
Se, por um lado, o compromisso com a entrega dos livros representa um esforço positivo, por outro, o défice de professores e a falta de escolas adequadas ameaçam o futuro do sistema educacional moçambicano. O Governo precisa ir além das promessas e apresentar soluções estruturais para garantir uma educação de qualidade a longo prazo. (Nando Mabica)