Apesar de considerar positiva a medida por proporcionar algum alívio ao mercado, a CTA questiona os fundamentos que justificam tal postura, levantando a dúvida: “O que terá mudado?”.
Conforme a CTA, a liquidez em moeda doméstica cresceu 9% no último trimestre de 2024 e 30% em relação ao período homólogo. No entanto, o Mercado Cambial Interbancário (MCI) continua a apresentar uma baixa liquidez, agravada pela intervenção do Banco de Moçambique, que retirou cerca de 2,1 mil milhões de dólares do mercado em 2024. Este montante, segundo a CTA, foi usado para reforçar as reservas internacionais e garantir o serviço da dívida externa, sem contribuir para aliviar as necessidades das empresas nacionais.
A redução dos coeficientes de Reservas Obrigatórias pode gerar uma liberação de liquidez no sistema financeiro, o que seria benéfico para empresas que enfrentam atrasos na aquisição de divisas para importação. Em Junho de 2024, a CTA estimou que essas necessidades não satisfeitas totalizavam cerca de 410 milhões de dólares. Muitas empresas continuam a enfrentar dificuldades, com facturas de importação pendentes há mais de nove meses, comprometendo a retoma das suas actividades produtivas.
Por isso, a CTA defende que a medida deve ser complementada com intervenções adicionais, como a disponibilização de divisas pelo Banco de Moçambique no MCI e a redução das compras de moeda estrangeira pelo próprio Banco Central.
Em relação à moeda doméstica, a CTA alertou que a preferência dos Bancos Comerciais por Bilhetes de Tesouro em detrimento do financiamento às empresas pode ser ampliada com a nova liquidez. A confederação sugere a implementação de políticas que incentivem o crédito aos sectores primários e secundários, com destaque para a agricultura e a indústria transformadora, além de medidas estruturais, como a introdução do Fundo de Garantia Mútua.
Contudo, para a CTA, as decisões do Banco de Moçambique, embora positivas, continuam a ser insuficientes para responder às necessidades do sector empresarial e da economia em geral.
A Confederação considera urgente uma mudança na política monetária que priorize soluções práticas para os desafios enfrentados pelas empresas, especialmente no actual contexto de recuperação económica depois das manifestações pós-eleitorais. (Bendito Nascimento)