Os países da América Latina e das Caraíbas vão reunir-se na próxima quinta-feira, dia 30 de janeiro, para debater a crescente tensão entre diversos governos da região e o novo governo dos EUA. Em causa está a decisão de Donald Trump de deportar em massa milhões de estrangeiros do território norte-americano, uma das primeiras medidas aprovadas na primeira semana de presidência da Casa Branca.
A reunião foi convocada na noite deste domingo com caráter de emergência pela presidente de Honduras, Xiomara Castro, que ocupa a presidência rotativa da Celac, Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas.
A reunião, que será híbrida, podendo ser presencial ou virtual dependendo da disponibilidade e disposição de cada chefe de Estado e de governo, tentará conseguir uma posição comum dos países da região em resposta à posições de força tomadas pelo novo presidente norte-americano. Trump está a prender e a deportar centenas de cidadãos latino-americanos que trabalhavam nos EUA sem visto de residência, o que é um direito do país, mas optando por uma metodologia que indignou executivos de vários países.
Na sexta-feira, 158 pessoas deportadas para o Brasil chegaram ao Aeroporto Internacional de Manaus, capital do estado brasileiro do Amazonas, algemadas e com correntes nos pés, como se fossem criminosos altamente perigosos. Ao serem libertados pela Polícia Federal brasileira após momentos de muita tensão com os militares americanos que compunham a tripulação, os deportados denunciaram que durante o longo voo de milhares de quilómetros entre os EUA e o Brasil não tiveram acesso às casas de banho, não receberam água e, quando reclamavam, eram agredidos pelos americanos.
Este domingo, a Colômbia entrou em rota de colisão com os EUA ao recusar receber dois voos com colombianos deportados, o que o México também tinha feito no sábado. Trump retaliou a Colômbia impondo tarifas extras de 25% a 50% sobre todos os produtos colombianos, o presidente Gustavo Petro reagiu impondo as mesmas taxas aos produtos dos EUA, mas os dois países estão a tentar um acordo.
O Brasil, cujo presidente, Lula da Silva, não quer abrir uma crise diplomática com Donald Trump, deve enviar esta segunda-feira um pedido de explicações ao governo dos EUA sobre o tratamento dado aos brasileiros deportados sexta-feira. Mas dificilmente Lula, que atravessa uma forte impopularidade interna e externa, adotará alguma posição mais dura, até porque os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China. (CM)