A população recusa-se a efectuar o pagamento justificando que o “presidente Venâncio Mondlane disse para não pagar nesses primeiros três meses”, por outro lado, as empresas concessionárias das estradas defendem que o pagamento “garante a manutenção das infraestruturas rodoviárias fundamentais para um transporte mais seguro e eficiente”.
Esta divergência criou transtornos aos automobilistas de transportes particulares, assim como de transportadores públicos, passageiros, e demais populares devido ao problema de intransitabilidade criado na primeira metade de hoje.
Na portagem de Maputo, ao longo da EN4, operada pela TRAC, nas primeiras horas as viaturas circulavam e atravessavam as portagens mediante o pagamento das respectivas taxas. Entretanto, por volta das 7 horas os automobilistas recusavam o pagamento e consequentemente as cancelas não eram abertas, o que criou congestionamento.
Diante disso, a população residente nas proximidades da zona onde foi instalada a portagem bloqueou as estradas não permitindo a circulação de viaturas. Com isso, os transportadores de passageiros foram obrigados a mudar a sua habitual rota.
“Hoje os chapas terminam na Casa Branca, não temos como chegar à Cidade porque bloquearam a estrada na Maquinaq. Não querem que as chapas circulem”, disse um dos automobilistas que saúda a reivindicação do não-pagamento das portagens.
Com a falta de transportes públicos, a população que montou as barricadas obrigou os automobilistas a darem boleia aos passageiros nas suas viaturas particulares. Ainda assim o problema de transporte prevaleceu, cidadãos de diferentes idades caminhavam indo e vindo do centro da Cidade.
“Estamos aqui a caminhar, os chapas não atravessam a portagem, dizem que não estão a ser permitidos passar”, disse Florêncio Vitorino. Questionado se concordava com o não-pagamento das portagens, respondeu afirmativamente e acrescentou que “é preciso mostrar que ganhos temos com essas portagens, depois disso vamos pagar”.
Busca por vias alternativas cria longas filas de congestionamento
Na Matola, devido ao difícil acesso as vias com portagens, por sinal as mais rápidas, os automobilistas foram obrigados a optar por vias alternativas para chegar aos seus destinos. O que não era tarefa fácil.
Com a portagem da EN4 bloqueada e sem poder circular, a estrada foi ocupada por longas filas de viaturas. Por isso, quem conseguia optar por chegar ao centro da cidade passando pela via jardim-Manduca, mas porque todos recorrem a esta alternativa “não se andava”.
Centenas de viaturas com os respectivos ocupantes tiveram que permanecer duas a três horas de mãos atadas no congestionamento. Alguns, impacientes e convencidos que o dia laboral já estava perdido, optaram por abandonar o congestionamento e voltar às suas residências.
“Não tenho como, aqui não chego hoje, por isso voltamos, dizem que lá a frente não se anda”, contou Armindo Ernesto após ter esperado mais de duas horas.
Portagens da REVIMO suspendem a cobrança
Depois da pressão popular e longas filas ao longo da estrada circular de Maputo, as portagens da REVIMO viram-se obrigadas a suspender a cobrança para permitir que o trânsito fluísse.
Na Katembe dezenas de agentes de diferentes forças da polícia estiveram no local para obrigar o pagamento, mas a população não cedeu. Os automobilistas pressionaram os funcionários a liberarem a circulação, nos primeiros momentos até houve relutância, mas logo depois foi permitida a passagem sem pagamento.
Na portagem da Costa do Sol o cenário não foi diferente, a circulação já está acontecendo a custo zero. Enquanto isso, nos postos de cobrança de Zintava e Matola-Gare o pagamento das portagens foi adiado para Fevereiro e Março, respectivamente. (Ekibal Seda)