Durante a sua análise no CIPCast, na Quarta-feira, (22 de Janeiro) Feijó destacou a ausência de abordagens sobre questões centrais e apontou para o descompasso entre o discurso de Chapo e as reais necessidades do contexto político e social moçambicano.
De acordo com Feijó, o discurso de Chapo apresentou algumas inovações, como a menção à necessidade de repensar a figura do Secretário de Estado e a intenção de extinguir os cargos de vice-ministros. Além disso, Chapo abordou a revisão de contratos de parcerias público-privadas e defendeu ajustes fiscais, mas, segundo o analista, ignorou temas essenciais para a gestão do país.
Entre as maiores omissões, João Feijó destacou a ausência de referências à descentralização e à partidarização, aspectos considerados cruciais para a eficiência do Estado e para a credibilidade das instituições. “O discurso de Chapo foca na eficiência e na melhoria, mas essas promessas entram em contradição com o facto de não prever a questão da despartidarizar aparelho do Estado ou respeito pelos direitos humanos”, defendeu.
Feijó não deixou de mencionar um episódio emblemático que ocorreu durante a cerimónia de posse de Chapo no dia 15 de Janeiro, na qual a polícia dispersou violentamente uma manifestação a poucos metros do local do evento. “Enquanto ele está tomando posse, ali, a quinhentos metros, está havendo uma carga policial a pessoas indefesas, inclusive sobre mulheres”, criticou.
Além disso, o sociólogo chamou a atenção para o perfil de Daniel Chapo, que, segundo este, carece do carisma necessário para mobilizar as massas. Feijó descreveu Chapo como um “burocrata pacato, com um discurso apagado e cansado”, em contraste com a figura de Venâncio Mondlane, o candidato adversário à liderança, que se destaca pela capacidade oratória e pelo carisma.
O analista questionou, ainda, a eficácia de Chapo na liderança, considerando especialmente o actual contexto político e social do país. Para Feijó, as expectativas de mudança esbarram na falta de visão estratégica e na incapacidade de abordar os problemas estruturais do país.
“É um pacato funcionário público, com um discurso apagado, não tem o dinamismo, com o Venâncio Mondlane, com a sua oratória, com o seu carisma, com o seu sorriso que irradia empatia junto das massas”, concluiu.
O pronunciamento de João Feijó, se junta a vários outros da esfera pública que vêm limitações do discurso de Daniel Chapo, lançando dúvidas sobre o impacto das suas promessas e a capacidade de promover mudanças estruturais no contexto político do país. (Bendito Nascimento)