As declarações de Mondlane foram feitas durante uma transmissão ao vivo no seu Facebook, onde desmentiu categoricamente as alegações do governante português.
Segundo Mondlane, a única interacção entre ambos ocorreu no dia 12 de Janeiro, quando o embaixador de Portugal organizou uma chamada telefónica improvisada entre ele e Rangel.
“Foi um contacto ocasional, sem qualquer tipo de combinação prévia. A conversa decorreu com toda a cortesia e respeito, mas foi apenas isso”, afirmou. Mondlane contestou as declarações de Rangel numa entrevista à televisão portuguesa SIC, onde este teria sugerido manter contactos frequentes e discretos com todos os actores envolvidos na crise política moçambicana.
Mondlane foi incisivo ao afirmar que, desde o início da crise eleitoral em Outubro de 2024, o ministro português se manteve distante e inactivo.
“O senhor nunca se manifestou, nunca tomou nenhuma iniciativa para intermediar esta crise, apesar de eu sempre ter dado privilégios a Portugal como actor válido nesse processo”, destacou. Este, também criticou Rangel por atribuir-lhe publicamente adjectivos depreciativos, como “populista”, e por insinuar que seu regresso a Moçambique poderia fomentar violência.
Além disso, Mondlane questionou as declarações de Rangel sobre contactos com o Vaticano. “Tenho contactos regulares com o Vaticano, e as pessoas de lá nunca me informaram sobre qualquer envolvimento genuíno do ministro neste contexto. É lamentável que se tente manipular os portugueses e a comunidade internacional com informações distorcidas”, reforçou.
O político, ainda, acusou Rangel de estar a usar o contacto ocasional como estratégia para aparentar envolvimento numa solução para a crise em Moçambique. “O senhor não fez o trabalho de casa. Não aproveite um simples contacto telefónico para construir uma narrativa enganosa”, afirmou. Mondlane reiterou que, embora esteja disposto a dialogar, espera uma postura mais séria e responsável por parte do governante português.
Contudo, Paulo Rangel é esperado em Maputo esta Quarta-feira, onde representará o governo português na cerimónia de tomada de posse de Daniel Chapo, proclamado quinto Presidente da República de Moçambique pelo Conselho Constitucional. No entanto, Mondlane e outros partidos da oposição não reconhecem os resultados eleitorais devido às alegações de irregularidades. (Bendito Nascimento)